A DOUTRINA DO PECADO
Nos capítulos sobre "Satã – Sua Origem, Obra e Destino" e "O Estado Original e Queda do Homem", ocupamo-nos com a origem do pecado no universo e também com sua entrada na família humana. Por essa razão estes assuntos não serão tratados neste capítulo.
É muito importante que tenhamos uma compreensão adequada do pecado. Muitos erros modernos a respeito da salvação não podem ser sustentados por aqueles que pensam logicamente, se tiverem uma concepção apropriada do pecado.
I. A NATUREZA DO PECADO
O pecado é uma coisa com cabeça de hidra. Ele apresenta diferentes fases. Um tratamento adequado do pecado deve jogar com estas diferentes fases:
1. O PECADO COMO UM ATO.
Em 1 João 3:4 temos a definição do pecado como um ato. É um transgredir, ou um ir contrário à Lei de Deus.
2. O PECADO COMO UM ESTADO.
Muita gente há que não pode ou não quer ver que o pecado vai mais fundo que um ato manifesto. Um pouco de reflexão mostrará que os nossos atos não são senão expressões dos nossos seres interiores. A pecaminosidade íntima, então, deve preceder os atos manifestos do pecado. As seguintes provas escrituristicas mostram não só que o homem é pecaminoso na conduta como que ele existe num estado pecaminoso – uma falta de conformidade com Deus na mente e no coração:
(1) As palavras hebraica e grega traduzidas por "pecado" aplicam-se tanto a disposições e estados como a atos.
(2) O pecado tanto pode consistir de omissão em fazer a coisa justa como de comissão em fazer a coisa errada.
"Ao que se sabe fazer o bem e o não faz, ao tal é pecado" (Tiago 4:17).
(3) O mal se atribui a pensamentos e afetos.
Gênesis 6:5; Jeremias 17:9; Mateus 5:22,26; Hebreus 3:12.
(4) O estado da alma que dá expansão a atos manifestos de pecados é chamado pecado, expressamente.
Romanos 7:8,11,13,14,17,20.
(5) Alude-se ao pecado como um princípio reinante na vida.
Romanos 6:21.
3. O PECADO COMO UM PRINCÍPIO.
O pecado como princípio, é rebelião contra Deus. É recusar fazer a vontade dEle que tem todo o direito de exigir obediência de nós.
4. O PECADO EM ESSÊNCIA.
"Podemos seguir o Dr. E. G. Robinson em dizer que, enquanto o pecado como um estado é dessemelhança de Deus, como um princípio é oposição a Deus e como um ato é transgressão da Lei de Deus, sua essência é sempre e em toda a parte egoísmo" (Strong, Systematic Theology, pág. 295).
O pecado pode ser descrito como uma árvore de vontade própria, tendo duas raízes mestras: uma é um "não" para Deus e Seus mandamentos, a outra é um "sim" para o Eu e interesses do Eu. Esta árvore é capaz de dar qualquer espécie de fruto no catálogo dos pecados. O egoísmo está sempre manifesto no pecador na elevação de "algum afeto ou desejo inferiores acima da consideração por Deus e Sua Lei" (Strong). Não importa a forma que o pecado tome; acha-se sempre ter o egoísmo por sua raiz. O pecado pode tomar as formas de avareza, orgulho, vaidade, ambição, sensualidade, ciúme, ou mesmo o amor de outrem, em cujo caso outros são amados porque são tidos como estando de algum modo ligado ao Eu ou contribuindo para o Eu. O pecador pode buscar a verdade, mas sempre por fins interesseiros, egoísticos. Ele pode dar seus bens para alimentar o pobre, ou mesmo o seu corpo para ser queimado, mas só por meio de um desejo egoísta de gratificação carnal ou honra ou recompensa. O pecado, como egoísmo, tem quatro partes: "(1) Vontade própria, em vez de submissão; (2) ambição, em vez de benevolência; (3) justiça própria, em vez de humildade e reverência; (4) auto-suficiência, em vez de fé" (Harris).
Para prova do fato que o pecado é essencialmente egoísmo, insistimos nas seguintes considerações:
(1) Na apostasia dos últimos dias está dito que "homens serão amante de si mesmos" e também "amantes dos prazeres antes que amantes de Deus" ( 2 Timóteo 3:2,4).
(2) Quando se revelar "o homem do pecado", ele será o que "se exaltará contra tudo o que se chama Deus" ( 2 Timóteo 2:4).
(3) A essência da Lei de Deus é amar a Deus supremamente e aos outros como a si mesmo.
O oposto disso, o supremo amor de si mesmo, deve ser a essência do pecado. Mateus 22:37-39.
(4) A apostasia de Satã consistiu na preferência de si mesmo e de sua ambição egoística a Deus e Sua vontade.
Isaías 14:12-15; Ezequiel 28:12-18.
(5) O pecado de Adão e Eva no jardim surgiu de uma preferência de si mesmo e de sua autogratificação a Deus e Sua vontade.
Eva comeu do fruto proibido porque ela pensou que isso daria a sabedoria almejada. Adão participou do fruto porque ele preferiu sua esposa a Deus. E a razão porque ele preferiu sua esposa a Deus é que ele concebeu sua esposa como contribuindo mais do que Deus para a sua autogratificação.
(6) A morte de Abel por Caim foi incitada pelo ciúme, o qual é uma forma de egoísmo.
(7) O egoísmo é a causa da impenitência do pecado.
Deus mandou que todos os homens se arrependam em toda a parte. Recusam os homens fazer isso porque preferem seus próprios caminhos à vontade de Deus.
Vemos, então, que o pecado não é meramente um resultado do desenvolvimento imperfeito do homem: é uma perversidade da vontade e da disposição. O homem nunca a sobrepujará enquanto ele estiver na carne. A regeneração põe um entrave sobre ela, mas não a destrói. Nem o pecado é mero resultado da união do Espírito com o corpo: o espírito mesmo é pecaminoso e seria apenas tão pecaminoso fora do corpo como no corpo se deixado no seu estado natural. Satanás não tem corpo e contudo é supremamente pecaminoso. Nem o pecado é mera finitude. Os anjos eleitos no céu são finitos e contudo estão sem pecado. Os santos glorificados ainda serão finitos e no entanto não terão pecado.
II. A UNIVERSALIDADE DO PECADO NA FAMÍLIA HUMANA
Todos os homens, salvos por única exceção o Deus – homem, Cristo Jesus nosso Senhor, são pecaminosos por natureza e expressam essa pecaminosidade interior em transgressão deliberada tão cedo atinjam a idade de responsabilidade. Este fato está provado:
1. A NECESSIDADE UNIVERSAL DE ARREPENDIMENTO, FÉ E REGENERAÇÃO.
Lucas 13:3; João 8:24; Atos 16:30-31; Hebreus 11:6; João 3:3,18.
2. DECLARAÇÕES CLARA DA ESCRITURA.
1 Reis 8:46; Salmos 143:2; Provérbios 20:9; Eclesiastes 7:20; Romanos 3:10, 23; Gálatas 3:22.
III. A EXTENSÃO DO PECADO NO SER HUMANO
As Escrituras ensinam que a extensão do pecado no ser humano é total. Isto é o significado de depravação total.
1. A DEPRAVAÇÃO TOTAL CONSIDERADA NEGATIVAMENTE.
A depravação é um assunto muito mal entendido. Por essa razão precisamos de entender que a depravação total não quer dizer:
(1) Que o homem por natureza está inteiramente privado de consciência.
Até mesmo o pagão tem consciência. Romanos 2:15.
(2) Que o homem por natureza está destituído de todas aquelas qualidades que são louváveis segundo os padrões humanos.
Jesus reconheceu a presença de tais qualidades num certo homem rico (Marcos 10:21).
(3) Que todo homem está disposto por natureza para toda forma de pecado.
Isto é impossível, porquanto algumas formas de pecado excluem outras. "O pecado de sumiticaria pode excluir o pecado de ostentação; o de orgulho pode excluir o de sensualidade" (Strong).
(4) Que os homens são por natureza incapazes de se comprometer em atos que são extremamente conformes com a Lei de Deus.
Romanos 2:14.
(5) Que os homens são tão corruptos como podiam ser.
Eles podem piorar e pioram. 2 Timóteo 3:13.
Esta depravação total não quer dizer que a depravação é total no seu grau. Ela tem que ver com a extensão somente.
2. A DEPRAVAÇÃO TOTAL CONSIDERADA POSITIVAMENTE.
A depravação total quer dizer que o pecado permeou cada faculdade do ser humano assim como uma gota de veneno permeia cada molécula de um corpo de água. O pecado urdiu cada faculdade no homem e assim ele polui todo ato seu.
(1) Prova de depravação total.
A. O homem está depravado na Mente. Gênesis 6:5.
B. No coração. Jeremias 17:9.
C. Nos afetos, de maneira que o homem é oposto a Deus. João 3:19; Romanos 8:7.
D. Na consciência. Tito 1:15; Hebreus 10:22.
E. Na palavra. Salmos 58:3; Jeremias 8:6; Romanos 3:13.
F. Depravado da cabeça aos pés. Salmos 1:5,6; Isaías 1:6.
G. Depravado ao nascer. Salmos 51:5; 58:3.
(2) O efeito da depravação total.
A. Nenhum resquício de Bem Fica no Homem por Natureza. Romanos 7:18.
B. Portanto, o Homem, por Natureza, não pode sujeitar-se à Lei de Deus ou Agradar a Deus. Romanos 8:7,8.
C. O homem, por Natureza, está Espiritualmente Morto. Romanos 5:12; Colossenses 2:16; 1 João 3:14.
D. Logo, Ele não pode Compreender as Coisas Espirituais. 1 Coríntios 2:14.
E. Daí, Ele não pode, até que se vivifique pelo Espírito de Deus, voltar do Pecado a Deus em Piedoso Arrependimento e Fé. Jeremias 13:23; João 6:44,65; 12:39,40.
A base da depravação e da inabilidade espiritual jaz no coração. Ele é enganoso e irremediavelmente perverso (Jeremias 17:9). Do coração vêem as saídas da vida (Provérbios 4:23). Ninguém pode tirar uma coisa limpa de uma contaminada (Jó 14:4). Daí, nem a santidade nem a fé podem proceder do coração natural. As boas coisas procedem de um bom coração e as más de um coração mau (Mateus 7:17,18; Lucas 6:45).
O PECADO ORIGINAL
O pecado original não é um assunto que é proeminente na teologia moderna, pois é contrário a grande parte das modernas crenças arrogantes, e conseqüentemente, nenhum pregador oportunista ousará apresentá-lo à congregação em que ele serve, a fim de não ofender as sensibilidades mais delicadas de um membro. Contudo, tem sido uma das doutrinas mais fundamentais e importantes das Escrituras, pois é o alicerce de muitas outras. Se não existe o pecado original, o homem não herdou natureza pecadora nenhuma, não há necessidade nenhuma de redenção do pecado e não há necessidade de um Cristo crucificado. Também as igrejas não têm nenhum trabalho para fazer, e tornaram inúteis muitas convicções e práticas cristãs. Mas as Escrituras não deixam espaço algum para alguém negar essa doutrina grande que é muito importante, pois uma das primeiras revelações é com relação ao pecado original, e todas as Escrituras presumem a verdade desse conceito, e, aliás, se baseia nele. Len G. Broughton diz:
Não podemos dar ênfase demais ao fato de que a raça de Adão, desde a queda do homem, está sob a maldição e pena do pecado. Todo homem que não é cristão está hoje sob esta maldição e pena do pecado. Não precisamos a prova Bíblica para afirmar que o homem é um ser depravado. A história da raça comprova isso. Nossa experiência comprova isso. Não há homem algum no mundo que não saiba que as inclinações do homem natural são para o mal. É uma luta andar em direção contrária. A tendência natural é para com aquilo que é mau. Isso se aplica a toda a raça humana em todas as partes. — Salvation And The Old Theology (Salvação e a Velha Teologia), p. 50. Hodder And Stoughton Publishers, London, sem data.
O livro de Gênesis é, como indica seu título, um livro de “começos”, e apresenta no terceiro capítulo o início do pecado na raça humana; aqui encontramos o “pecado original”, e o grande caos que o primeiro pecado do homem operou. Muitos agora negam o valor histórico do livro de Gênesis, e afirmam que nada mais é do que um coleção de mitos, que têm como propósito ensinar, em forma de parábolas, alguma verdade, mas que não se pode aceitar literalmente. Observar-se-á de modo especial (assim esperamos) que os que negam a verdade literal de Gênesis são quase sem exceção também aqueles que negam a doutrina do pecado original. Isso é natural, pois os dois grupos ou estabelecem-se ou caem juntos, e negar a verdade do primeiro livro da Bíblia é simplesmente o esforço do homem para se livrar do problema do pecado original. Se não há nenhum pecado original, então o homem não é uma criatura caída e depravada, ele não está perdido e destinado ao inferno, e conseqüentemente não precisa de um Salvador. Essa é a própria alegação que os evolucionistas fazem, pois dizem que o homem se desenvolveu durante milhões de anos a partir de uma criatura do lodo, que ainda retém boa parte da natureza animal. Portanto, o homem não tem de prestar contas a ninguém por agir como um animal. Mas quando as pessoas são ensinadas que são animais como desculpa para sua natureza pecaminosa, elas continuarão a agir como animais. Os evolucionistas estão dispostos a provar que venham de macacos a fim de se livrarem do problema de sua pecaminosidade como também a sua responsabilidade diante de Deus. Romanos 1 mostra que as ações bestiais do homem são resultado primário da sua rejeição da verdade de Deus.
Mas negar a verdade histórica do livro de Gênesis de forma alguma afeta a verdade; só cega o homem à essa verdade, e assim deixa-o em situação pior, pois ao negar o diagnóstico divino de sua situação, também se isola do remédio divino. Assim, longe de o livro de Gênesis ser de valor minimizado, como sustentam muitos, é um livro de começos, e portanto é fundamental para entendermos o restante das Escrituras. Além disso, Gênesis é necessário não só para o homem entender de modo adequado o resto da Bíblia, mas também para entender de modo certo a si mesmo. O terceiro capítulo de Gênesis explica a causa e conseqüência das ações do homem na Bíblia, e na história. O homem não tem como compreender a causa das suas tendências pecaminosas que ele tão evidente tem, exceto por essa revelação da queda do homem, e sua natureza depravada conseqüente. Os psiquiatras não-cristãos há muito tentam explicar as ações do homem sem levar em conta a natureza caída e totalmente depravada humana, e sempre fracassam de modo notável, e em muitos casos apenas fornecem desculpas do pecado e confirmam a sua condenação eterna com a sua “ajuda” profissional. Pode-se atribuir grande parte do atual caos e maldade diretamente aos ensinos corruptos de psiquiatras, e não é nossa intenção fazer uma condenação geral a todos os psiquiatras, pois existem os que são cristãos, e ensinam uma psiquiatria com base Bíblica. Mas a maioria das pessoas não percebe que a psiquiatria (do grego psyche — alma, e iatreia — cura) é o tratamento da alma, e o primeiro passo nisso necessita a resgatar a alma de sua condição caída e morta. Faltando isso, a psiquiatria trabalha de forma invertida, e jamais conseguirá realizar bons resultados duradouros.
O Novo Testamento conecta em várias passagens a queda do homem no Éden ao começo do pecado na raça humana; esse evento marca o tempo em que o homem, que originalmente foi criado na inocência e santidade, se tornou voluntariamente uma criatura caída e totalmente depravada. Algumas pessoas, mesmo crendo que o homem caiu em pecado no Éden, repudiam uma crença na depravação total do homem. Muitas não crêem nessa doutrina porque não entendem o que significa o termo depravação total. A depravação total não significa que o homem é tão mau quanto possa ser, pois ninguém é tão mau que não possa se tornar pior. Acerca disso W. D. Nowlin diz:
Talvez o fato de muitas pessoas rejeitarem a doutrina da depravação total evidencia a sua própria depravação total. Alguns afirmam que “todos são depravados, mas ninguém é totalmente depravado” Aqueles que fazem essa afirmação não raciocinem a conclusão lógica. Depravado significa “pervertido, corrompido” Qual parte do homem não é “pervertida” ou “corrompida”? Aquilo que não é depravado ou pervertido é santo e puro. Aquilo que é puro ou santo não pode ir para o inferno, e aquilo que é pervertido ou corrompido não pode ir para o céu. Então, qual destino pode haver um homem que é em parte depravado e em parte santo? Ele não poderia nem ir para o inferno nem para o céu. As pessoas rejeitam a doutrina da depravação total geralmente devido a uma concepção errada da doutrina. A depravação total não significa que alguém é tão mau quanto Satanás, nem que ele seja tão corrupto quanto poderia ser. Significa que quando o homem caiu o homem inteiro caiu; que nenhuma parte do homem tenha escapado à queda significa que um homem é depravado em sua totalidade — o homem todo. É uma questão de extensão, em vez de grau. — Fundamentals of the Faith (Princípios Fundamentais da Fé), pp. 187-188. Sunday School Board of the Southern Baptist Convention, Nashville, 1922.
Ao considerar os ensinos de Gênesis 3, percebemos várias coisas apresentadas que mostram que o homem de fato caiu no Éden e que ele assim se tornou uma criatura totalmente depravada. Portanto, ele possui uma natureza pecaminosa por causa de seu pecado original, e essa condição foi transmitida a todos os descendentes de Adão, que estavam nele — em sua semente — no momento de seu pecado, e tiveram parte nesse pecado com ele. Observamos em Gênesis 3 as coisas seguintes:
I. HÁ IMPOSIÇÃO DE RESTRIÇÕES.
É evidente que deve ter havido algum tipo de imposição legal em Adão desde o começo, pois não teria sido possível que ele pecasse de outra forma. As Escrituras declaram a necessidade da lei de constituir um ato ou atitude como iniqüidade (iniqüidade é a transgressão de lei): “Qualquer que comete pecado, também comete iniqüidade; porque o pecado é iniqüidade.” (1 João 3:4). E de novo: “Porque a lei opera a ira. Porque onde não há lei também não há transgressão” (Romanos 4:15). E ainda de novo: “Porque até à lei [a entrega da lei escrita no Sinai — DWH] estava o pecado no mundo, mas o pecado não é imputado, não havendo lei. No entanto, a morte reinou desde Adão até Moisés, até sobre aqueles que não tinham pecado à semelhança da transgressão de Adão…” (Romanos 5:13-14).
Não só as Escrituras, mas também até mesmo a própria razão mostra a necessidade de leis para a criação, como observa o Dr. Samuel Baird quando diz:
É evidente que o exercício de uma soberania universal, absoluta e imutável de algum ser é necessária para a harmonia e felicidade, — aliás, para a própria existência do universo que Deus fez. O Criador tem de ser assim soberano. Nenhum outro ser tem o que se exige para essa posição. O próprio ato da criação, indicando alguma finalidade adequada para se alcançar, leva o Criador a estar debaixo da obrigação, para com sua própria sabedoria, de dar a suas criaturas tais leis que as guiarão à realização dessa finalidade; quer estampadas na própria essência da criatura, como no caso dos elementos materiais; unidas à estrutura orgânica, como na criação vegetal e grupos animais; ou inscrita no coração e revelada ao entendimento, como no homem e os exércitos de anjos. — The Elo¬him Revealed (A Revelação de Elohim), p. 187. Lindsay and Blakiston, Philadelphia, 1860.
No início da história do homem, Deus deu certas restrições e leis que foram designadas para três razões principais, e novamente obtemos muito proveito com as palavras do Dr. Baird.
Assim era essa lei perfeitíssima, sob a qual o homem foi criado; — seus preceitos baseados nas razões mais dignas de Deus, e tendo como origem os próprios atributos de Sua própria natureza; — sua influência, apropriada ao homem e às criaturas, e essencial para explicar, ou perpetuar, a existência da própria criação. Por seu intermédio, realizam-se três propósitos. Serve para a revelação das perfeições morais de Deus; constitui uma afirmação de Sua soberania; e é um padrão para as criaturas. — The Elohim Revealed (A Revelação de Elohim), p. 214. Lindsay and Blakiston, Phila¬delphia, 1860.
Vemos a declaração de restrições em Gênesis 2:16 17, e essas restrições constituíam lei para Adão, eram uma prova eficaz de sua obediência: “E ordenou o SENHOR Deus ao homem, dizendo: De toda a árvore do jardim comerás livremente, Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás” A própria certeza da pena pela violação dessa lei não deixava espaço algum para Adão alegar que não a conhecia, e nem podem os homens de hoje alegar que ignoram a responsabilidade deles diante de Deus, pois embora a ignorância suavize o grau de culpa, não afeta o fato dessa culpa.
Temos de compreender que Deus é soberano, e Ele tem o direito de impor qualquer restrição que bem entender sobre Sua criação, e, aliás, Ele realmente faz o que quiser em todas as coisas: “Mas o nosso Deus está nos céus; fez tudo o que lhe agradou” (Salmo 115:3). “Tudo o que o SENHOR quis, fez, nos céus e na terra, nos mares e em todos os abismos” (Salmo 135:6). Ao mesmo tempo, temos de entender que todas as restrições que Deus coloca sobre o homem são para o seu bem maior, pois “Porque o SENHOR Deus é um sol e escudo; o SENHOR dará graça e glória; não retirará bem algum aos que andam na retidão” (Salmo 84:11). Mas Deus muitas vezes permite o que Ele não decreta de modo positivo, e escolhe em vez disso anular o mal para que disso resulte glória para Si, não para o homem. Tal é o caso ora diante de nós.
Alguns criticam Deus por tornar as conseqüências do ato de comer desse fruto tão horrendas; alguns dizem que o pecado de Adão de comer desse fruto proibido foi um ato insignificante demais para que Deus trouxesse morte para ele e para toda a sua posteridade por seu pecado, mas este não foi um ato insignificante; foi um caso de rebelião descarada e deliberada contra a claramente revelada vontade de Deus. Nem mesmo se pode acusar que Adão foi enganado ao comer desse fruto, pois as Escrituras dizem expressamente: “E Adão não foi enganado, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão” (1 Timóteo 2:14). A serpente enganou Eva (2 Coríntios 11:3), mas não Adão; ele pecou conhecendo plenamente suas ações e suas conseqüências, pois ele sabia que Eva havia pecado, e escolheu pecar e permanecer com sua esposa, do que manter sua inocência, e se separar dela. Não há jeito possível de ou desculpar ou atenuar o pecado de Adão. Além de ser um caso de rebelião total contra a autoridade do próprio Deus, que é a coisa mais importante, uma questão aparentemente insignificante é um teste melhor de obediência do que uma grande questão. J. M. Pendleton diz:
Alguns acham que é indigno de Deus tornar as conseqüências tão sérias e tão temíveis só por causa do ato de comer do fruto de certa árvore. Como é que poderia ser indigno dele? Ele teve a intenção de provar a obediência dos dois seres racionais que ele havia colocado no jardim. Pode-se provar a obediência tanto em coisas pequenas quanto em coisas grandes, e possivelmente melhor. Ao fazer uma grande coisa, um homem pode ser influenciado mais pela magnitude da coisa do que pela autoridade ordenando sua execução; enquanto que ao fazer uma coisa pequena, ou tão chamada pequena, a probabilidade maior é que ele agirá por reverência à autoridade de Deus. Essa é a própria essência da verdadeira obediência. Não há nenhuma obediência verdadeira sem isso. — Christian Doctrines (Doutrinas Cristãs), p. 164. Ameri¬can Baptist Publication Society, Philadelphia, 1878.
Essas críticas são baseadas na idéia errônea do passado de que o homem é livre para decidir quais mandamentos de Deus são importantes e quais não são, e obedecer apenas aos que ele considera importantes o suficiente para serem dignos de sua obediência, mas jamais é uma questão de como um mandamento é importante; a única questão é se ou não Deus o ordenou. Ele o ordenou, então a questão está resolvida; o homem tem de obedecer sem demora ou controvérsia. Agir de outra forma não é de forma alguma obedecer a Deus, mas é obedecer apenas à nossa própria razão e vontade.
As restrições que Deus colocou nas atividades do homem no Éden eram exclusivamente um prova; nada do que o homem realmente precisasse lhe foi recusado, pois as provisões de Deus eram não só adequadas, mas também davam plena oportunidade de ele gozar ricamente todas as coisas, com uma exceção apenas, e essa única coisa nada poderia acrescentar que fosse realmente bom ao homem. Por outro lado, as conseqüências mais horrendas e certas eram ameaçadas contra a violação dessas restrições, de modo que o homem tinha tudo a perder e nada a ganhar com a violação dessas restrições; por que então o homem transgrediu esse mandamento claro do Senhor e comeu desse fruto proibido? Ele assim agiu em parte porque foi movido a agir assim por uma tentação externa; daí, observamos:
II. HOUVE INCITAMENTO À REBELIÃO.
Satanás, usando a serpente como instrumento, foi o agente nessa tentação: “Ora, a serpente era mais astuta que todas as alimárias do campo que o SENHOR Deus tinha feito. E esta disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda a árvore do jardim?” (Gênesis 3:1). Que Satanás foi a força incitadora nessa tentação é inquestionável, pois uma referência em Apocalipse 12:9 o menciona como “o grande dragão, a antiga serpente, chamada o Diabo, e Satanás” Essa astúcia da serpente é citada em outras passagens também: “Mas temo que, assim como a serpente enganou Eva com a sua astúcia…” (2 Coríntios 11:3). “Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo” (Efésios 6:11). Tanto “astúcia” quanto “ciladas” indicam uma sabedoria que se usa para o mal, e esse sentido descreve com precisão o diabo, pois em sua criação ele foi uma das criaturas mais sábias, mas perverteu sua sabedoria para finalidades malignas com seu orgulho e ambição: “Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura, corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor” (Ezequiel 28:17).
Mas observe como Satanás começou a enganar o homem, e causou a queda dele de seu estado de inocência. Primeiro, insinuou-se dúvida acerca do que Deus queria dizer: “É assim que Deus disse: Não comereis de toda a árvore do jardim?” (Gênesis 3:1ss). Essa é uma forma bem comum de tentação, pois se o diabo puder fazer com que o homem questione o sentido ou aplicação de um dos mandamentos de Deus, ele fez muito progresso em induzir o homem a desobedecer a esse mandamento. Também, Eva só soube desse mandamento através de Adão, pois Deus não havia falado com ela sobre o mandamento, mas com Adão (Gênesis 2:16 17), e assim ela não estava em posição para disputar o assunto com a serpente; o que ela devia ter feito era encaminhar o assunto a seu marido, quem era o cabeça e aquele que tinha de fazer qualquer decisão que se precisasse fazer.
Em segundo lugar, a serpente dirigiu atenção a uma limitação, em vez da permissividade ampla e quase sem limite. Só uma coisa Deus havia negado ao homem no Jardim; tudo demais lhe era livremente dado, e não havia falta de nada que o homem pudesse precisar ou desejar; mas, ele esqueceu tudo isso, e a serpente dirigiu atenção a única coisa que seria pecado se o homem tivesse participação. Não daria para incitar rebelião se a atenção do homem fosse direcionada somente para o que era lícito ao homem; para que seja levado a se rebelar contra a vontade de Deus, o homem tem primeiramente de ser induzido a desejar o que é proibido e ilícito.
Em terceiro lugar, a serpente fez um acréscimo à Palavra, e assim reverteu seu sentido: “Então a serpente disse à mulher: Certamente não morrereis” (Gênesis 3:4). Ela acrescentou apenas uma palavra, e essa palavra era uma das menores da língua hebraica composta por somente duas letras nos manuscritos originais, mas mudava completamente o sentido do mandamento. Os tradutores modernos da Bíblia precisam considerar como o diabo ainda está usando esse mesmo modo de corromper a Palavra ao conduzir homens negligentes a corromper gradualmente a Bíblia com suas paráfrases e traduções livres.
Em seguida, em quarto lugar, a serpente contestou os motivos de Deus por negar o fruto dessa única árvore ao homem: “Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal” (Gênesis 3:5). O próprio nome “diabo” significa “difamador”, e é isso o que o diabo faz; ele difama Deus ao homem, conforme ele fez aqui, então ele difama os homens salvos a Deus, conforme fez em Jó 1:9 11; 2:4 5. Para Eva, Satanás difamou Deus, e afirmou que o único motivo de Deus ao negar a eles o fruto dessa árvore era impedi-los de se tornarem como Ele: “Deus sabe que… sereis como Deus” (palavra hebraica Elohim = o Deus Triúno). Ele fez com que os motivos de Deus para negar essa única coisa a eles fossem totalmente egoístas, pois se ele puder fazer Deus parecer egoísta, ele poderá dar alguma desculpa aparente ao homem para agir de modo egoísta.
Em quinto lugar, a serpente apelou para as três vias principais de tentação ao incitar à rebelião. João declara que “tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo” (1 João 2:16). Quase todas as tentações vêm mediante umas dessas três vias, e assim foi com Eva. “E viu a mulher que aquela árvore era boa para se comer” (Gênesis 3:6), — aí estava a concupiscência da carne — “e agradável aos olhos” — a concupiscência dos olhos — “e árvore desejável para dar entendimento” — o orgulho da vida — “tomou do seu fruto, e comeu, e deu também a seu marido, e ele comeu com ela” Foi com essas mesmas três vias que Acã foi levado a pecar (Josué 7); essas três coisas participaram no pecado de Davi com Bate-Seba (2 Samuel 11); e essas três vias são todas proeminentes na tentação de Cristo no deserto (Mateus 4). Parece bem provável que poderia-se categorizar qualquer tentação sob uma dessas três formas de tentação.
Em sexto lugar, essa tentação que a serpente apresentou para Eva era de natureza muito semelhante à natureza mediante a qual o próprio Lúcifer havia caído; ele incitou rebelião através de uma ambição profana de ser como o próprio Deus (Gênesis 3:5), e ele expressou sua própria ambição profana desse mesmo jeito: “E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono, e no monte da congregação me assentarei, aos lados do norte. Subirei sobre as alturas das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo” (Isaías 14:13-14).
Ao incitar o primeiro casal a se rebelar, a serpente usou um pouco de verdade, pois a falsidade pura apresenta pouca tentação, pois é vista em toda a sua feiúra excessiva, mas se incluir um pouco de verdade, o homem se justificará e cairá presa fácil à tentação. Se Adão, em seu estado de inocência, caiu nesse pecado sabendo plenamente que era pecado, conforme assim logo veremos, então é de pouco maravilhar que o homem em seu presente estado caído ceda tão fácil às seduções do maligno quando lhe são apresentadas de forma tão atraente.
Entretanto, uma coisa é ser tentado, e outra bem diferente é ceder à tentação, e não se deve confundir essas duas coisas, pois está escrito: “Bem-aventurado o homem que suporta a tentação; porque, quando for provado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor tem prometido aos que o amam” (Tiago 1:12). Uma tentação é simplesmente uma prova, e se torna uma bênção para quem está sendo tentado, quando ele não cede a ela; só se torna pecado quando se cede à tentação, conforme está escrito: “Mas cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência. Depois, havendo a concupiscência concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte” (Tiago 1:14-15). Assim, deve-se reconhecer que todas as forças do diabo no mundo não conseguem vencer contra as fortificações da alma do homem e tomá-las, a menos que o homem primeiro abra a porta do lado de dentro. Portanto, isso nos leva a considerar:
III. A REVOLTA INDUZIDA.
Bem disse alguém: “O pecado é a declaração do homem da sua independência de Deus.” Na verdade, em análise final tudo se resume a isso. É simplesmente uma questão da teimosia e egocentrismo do homem, em vez de submissão à vontade de Deus e ao mandamento de Deus. Conforme já dissemos, todos os demônios do diabo não poderiam forçar o homem a pecar; o diabo de fato o incitou a pecar, mas foi uma transgressão voluntária do homem, pela qual apenas ele tem de dar contas no tribunal final diante de Deus.
Mas das duas pessoas, a maioria quer fazer de Eva a mais culpada. É assim principalmente entre aqueles cujas mães, por sua maldade ou hipocrisia, lhes deram um suposto motivo para desrespeitar as mulheres em geral, ou até odiá-las. Mas as Escrituras não estão de acordo, pois mostram que a culpa maior foi de Adão, e por várias razões.
Em primeiro lugar, Eva foi enganada nesse assunto que, embora não a desculpe, pelo menos atenua sua culpa. Eva não havia recebido esse mandamento diretamente de Deus, mas o havia recebido pela palavra da boca de Adão; como conseqüência, ela não entendia tudo o que estava envolvido nas restrições acerca da árvore do conhecimento do bem e do mal. Em resposta à pergunta da serpente quanto a se eles poderiam comer de todas as árvores do jardim, ela disse que essa árvore específica lhes havia sido negada, mas note o motivo que ela deu para isso: “Disse Deus: Não comereis dele, nem nele tocareis para que não morrais” (Gênesis 3:3). Aí, ela fez um acréscimo ao mandamento de Deus “nem nele tocareis”, que não fazia parte do mandamento original. Ao mesmo tempo, ela reduziu a pena de morte no mandamento original, a só uma possibilidade de morte: “para que não morrais” Obviamente, então ela tinha inventado desculpas para a questão toda, e havia concluído que Deus havia restringido essa árvore específica por causa de seus possíveis efeitos venenosos sobre eles, e a possibilidade de morte para eles por comer de seu fruto. Note o contraste entre o mandamento de Deus… “certamente morrerás” (Gênesis 2:17), e a interpretação de Eva acerca do mandamento: “para que não morrais” (Gênesis 3:3). Se assim é, então dá para entender facilmente como ela foi presa fácil ao engano da serpente, principalmente se ela a viu comer do fruto da árvore sem nenhum efeito maléfico, conforme parece estar indicado que ela fez em Gênesis 3:6: “E viu a mulher que aquela árvore era boa para se comer…”
Em nossa própria época observamos essa mesma forma de tentação se tornando bem predominante em que muitas jovens justificam as relações sexuais antes do casamento na base de que o mandamento original de se abster era simplesmente uma precaução para que as mulheres não concebessem filhos fora do casamento, mas que com a invenção de tantos dispositivos anticoncepcionais, reduziu-se esse perigo ao mínimo, e conseqüentemente o mandamento não mais está em vigor. Mas assim como as restrições que Deus impôs ao redor dessa árvore no Éden eram provas da obediência do homem que nenhuma quantidade de raciocínio poderia remover, assim também a Lei Moral não pode ser enfraquecida pelos homens ímpios.
Em segundo lugar, Adão foi o mais culpado dos dois porque ele pecou deliberadamente, sabendo plenamente de tudo o que estava envolvido em seu ato: “E Adão não foi enganado, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão” (1 Timóteo 2:14). Não há como negar que Eva transgrediu, mas ela foi enganada e levada a pecar, algo que não se podia dizer de Adão, pois ele entrou nesse pecado com pleno conhecimento, como diz B. H. Carroll:
Ele não foi enganado. Ele sabia o que Deus havia dito e que o que o diabo sugeriu para Eva era o que Deus não tinha dito. Ele cria que se ele comesse desse fruto significava morte. Ele nunca duvidou da palavra de Deus. Mas ele deliberadamente comeu desse fruto porque a mulher assim o pediu. Inquestionavelmente, o pecado de Adão foi maior do que o pecado de Eva, e a morte que reinou sobre este mundo não veio porque Eva pecou; não pense isso. Veio porque Adão pecou. A raça humana não caiu em Eva. Eles se recuperaram em Eva mediante o Salvador que é semente dela, mas não do homem. Caímos em Adão. Ele não tinha nenhuma desculpa qualquer. Ele preferiu a mulher a Deus; essa foi a desculpa dele. — An Interpretation of the English Bible (Uma Interpretação da Bíblia em Inglês), Vol. I, pp. 105 106. Broadman Press, Nashville, 1947.
Logo que Eva comeu esse fruto, ela se colocou sob a maldição da morte espiritual, e Adão não podia agüentar ficar separado dela, então ele escolheu de modo semelhante comer do fruto proibido e morrer com ela; ele preferiu sua esposa a seu Deus. Quantas pessoas de modo igual permitam membros de sua família ter a preeminência sobre a devida fidelidade a Deus.
Mas em terceiro lugar, Adão foi o mais culpado dos dois, porque ele poderia ter usado sua autoridade para intervir sobre sua esposa em qualquer momento dessa transação toda, e tê-la impedido de comer do fruto proibido, e se tornar uma criatura caída. Adão não apareceu ali simplesmente depois que toda a tentação já havia ocorrido, e Eva e a serpente não o procuraram depois que tudo estava terminado; Adão estava ali em silencio, durante a situação inteira, observando sua esposa sendo tentada, enganada e morrer espiritualmente, pois quando Eva havia comido desse fruto proibido, ela “deu também a seu marido, e ele comeu com ela” (Gênesis 3:6). É bem difícil justificar Adão de algum jeito quando consideramos todos esses fatores, pois ele foi covarde e sem princípios, para dizer no mínimo, ao permitir que sua esposa entrasse na encrenca em que ela estava sem nenhuma palavra de aviso ou admoestação. Contudo, o pior é que ele tentou passar a culpa para Eva, e por insinuação a Deus, que havia lhe dado Eva: “Então disse Adão: A mulher que me deste por companheira, ela me deu da árvore, e comi” (Gênesis 3:12). Desde esse primeiro pecado na raça humana, o homem parece ter uma fraqueza inata de sempre tentar culpar alguém ou algo que não seja a si mesmo por seus pecados, mas isso nunca funciona, pois o velho ditado é: “Cada um por si.”
Em quarto lugar, a culpa de Adão era maior porque ele permanecia, para com seus descendentes, num relacionamento diferente do que estava Eva, pois embora Eva fosse a “mãe de todos os viventes” (Gênesis 3:20), porém Adão era o cabeça natural de toda a raça humana, e além de ser o progenitor de todos os homens, ele também representava cada um de seus descendentes na transgressão. Pois é evidente que o pecado de Adão foi imputado a todos os seus descendentes, pois está escrito: “Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram”, (Romanos 5:12); e de novo: “Porque, como pela desobediência de um só homem, muitos foram feitos pecadores, assim pela obediência de um muitos serão feitos justos” (Romanos 5:19). “Porque assim como a morte veio por um homem, também a ressurreição dos mortos veio por um homem. Porque, assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo” (1 Coríntios 15:21-22) W. G. T. Shedd observou com relação ao texto em Romanos 5:12:
Esse pecado é imputado à união que o cometeu, é parte natural e integral dessa união e é propagado a partir dessa união. Conseqüentemente, todos os detalhes com relação ao pecado que se aplicam à união ou natureza comum se aplicam igualmente e rigorosamente a cada parte individual dela. — Dogmatic Theology (Teologia Dogmática), Vol. II, p. 43. Zondervan Publishing House, Grand Rapids, sem data.
Havia uma união na raça inteira, e essa união era centrada em Adão, como o cabeça natural da raça. Toda pessoa que já viveu na terra, exceto Cristo, era uma semente em Adão quando ele pecou, e como conseqüência disso todos pecamos em e com Adão, e como conseqüência da natureza depravada que herdamos pela natureza de Adão, todos ratificamos o pecado de Adão de um jeito ou de outro logo que chegamos à idade de prestar contas. J. M. Pendleton observa:
Os filhos apóstatas de Adão muitas vezes culpam seu antepassado apóstata pela desobediência dele, mas eles praticamente a endossam logo que estão em condições de discernir entre o bem e o mal. Eles invariavelmente escolhem o mal e rejeitam o bem. A natureza depravada deles mostra sua depravação em sua preferência dos caminhos de pecado. Eles amam mais as trevas do que a luz. — Christian Doctrines (Doutrinas Cristãs), p. 174. American Baptist Publication Society, Philadelphia, 1878.
Há também verdade na declaração de A. J. Mason de que “Aquilo que por nascimento foi nosso azar se tornou por escolha nossa transgressão” (The Faith of the Gospel [A Fé do Evangelho], p. 117. Rivingtons, London, 1889). Assim, na revolta de Adão, havia muitos efeitos de longo alcance, que não cessaram até hoje, mas diferente das pequenas ondas provocadas por uma pedra que atiramos num lago, as ondas do pecado ficam cada vez maiores com cada geração que passa, de modo que agora se tornaram grandes ondas. Mas esse assunto entra na nossa próxima meditação, que é:
IV. OS RESULTADOS INCORRIDOS.
Conforme já observamos, Adão pecou, não como indivíduo, mas como o cabeça natural da raça humana, pois toda a humanidade estava nele como semente no momento de sua revolta contra Deus, e conseqüentemente, aos olhos de Deus, todos eles tiveram parte em sua transgressão. Que Deus olha para os homens como sendo um com seus pais antes do nascimento deles é evidente a partir de Hebreus 7:9 10: “E, por assim dizer, por meio de Abraão, até Levi, que recebe dízimos, pagou dízimos. Porque ainda ele estava nos lombos de seu pai quando Melquisedeque lhe saiu ao encontro” (Hebreus 7:9-10). O princípio é o mesmo em ambos os casos, exceto que se vê que no caso de Adão todos os seus descendentes estão nele no momento de seu pecado, e estão em estado de culpa com ele. Temos também de recordar que Adão foi o primeiro homem criado, que ele tinha acabado de ser feito, novinho em folha e perfeito, pelas mãos do Criador, e que ele não tinha fragilidades naturais, nenhuma inclinação ao pecado, nem qualquer outra coisa que trabalhasse contra seu caráter santo; mas se, apesar de tudo isso, ele ainda pecou e se rebelou contra Deus, então é certo que todos os seus descendentes, agora possuindo uma natureza caída e depravada, se fossem colocados nas mesmas circunstâncias e situação, pecariam sem demora e com mais certeza.
O primeiro e maior resultado do pecado do homem foi a morte que havia sido ameaçada desde o início por comer do fruto da árvore proibida. No entanto, isso não foi principalmente morte física, embora seja evidente que a morte física é conseqüência desse pecado. O Dr. S. J. Baird bem disse acerca disso:
Que a morte física não era a idéia imediata expressa pela palavra morte na pena da lei é ainda mais evidente a partir de várias considerações. Se esse foi o sentido, nossos pais que pecaram tinham realmente de retornar ao pó no dia da transgressão. A lei era: “No dia em que dela comeres, certamente morrerás” Mas Cristo foi colocado debaixo da lei, “para que pela morte aniquilasse o que tinha o império da morte, isto é, o diabo; E livrasse todos os que, com medo da morte, estavam por toda a vida sujeitos à servidão” (Hebreus 2:14-15). Ele “aboliu a morte” (2 Timóteo 1:10); e assegura à enlutada Marta: “Quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá; E todo aquele que vive, e crê em mim, nunca morrerá. Crês tu isto?” (João 11:25-26). Contudo, de todos os que então ouviram e creram, e de todas as gerações posteriores que confiaram nessas promessas muito grandes e preciosas, nenhum escapou de voltar ao pó… Como se para marcar com ênfase o fato de que a palavra morte de modo oportuno expressa ira, as Escrituras repudiam seu uso, no caso do povo de Deus. Veja Mateus 9:24; João 11:11; 1 Tessalonicenses 4:14; 5:9 10. — The Elohim Revealed (A Revelação de Elohim), pp. 274 276. Lindsay and Blakiston, Philadelphia, 1860.
Ao comer do fruto da árvore proibida, Adão imediatamente se tornou uma criatura pecadora e caída, que estava debaixo da ira de Deus, e isso parece ser o que quer dizer principalmente a palavra “morte” em Gênesis 3. É verdade que Adão e Eva imediatamente ao comerem do fruto proibido se tornaram mortais, isto é, criaturas que morrem, e é também certo que eles foram julgados espiritualmente mortos até que nascessem de novo pela fé no prometido Redentor, mas a morte ameaçada era a ira de Deus que tem por necessidade de cair sobre todo filho de Adão até que ele seja redimido da queda.
Numerosas outras calamidades resultaram do pecado do homem, e essas encontram-se enumeradas em Gênesis 3; primeira, Deus multiplicou a dor e a concepção da mulher de modo que ela daí em diante concebesse mais frequentemente (Gênesis 3:16), e essa parte da maldição evidentemente envolvia, para a mulher sofrimento, conforme sugere a palavra “dor” Mas isso também seria uma maldição sobre o homem, pois a maioria dos homens sofre mentalmente quando vê a esposa sofrendo fisicamente.
Segunda, a mulher foi subordinada ao homem de um jeito e grau diferente do que era inerente na criação (1 Timóteo 2:12 13; 1 Coríntios 11:8 9). Não se sabe exatamente o que se quer dizer com “o teu desejo será para o teu marido” (Gênesis 3:16), mas é óbvio que como conseqüência do pecado de Adão e Eva, seu relacionamento original foi de tal maneira atrapalhado que não era mais a bênção que era antes da queda.
Terceira, a própria terra estava amaldiçoada, de modo que dali em diante já não tinha disposição de dar seu fruto, e esse fruto só viria em resposta aos cansativos trabalhos do homem na lavoura. “…maldita é a terra por causa de ti; com dor comerás dela todos os dias da tua vida” (Gênesis 3:17). Desde o passado até o momento presente, essa mesma condição continua inalterada, e continuará desse jeito até que a própria terra seja redimida junto com o corpo do homem. “Porque a criação ficou sujeita à vaidade, não por sua vontade, mas por causa do que a sujeitou, Na esperança de que também a mesma criatura será libertada da servidão da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus. Porque sabemos que toda a criação geme e está juntamente com dores de parto até agora. E não só ela, mas nós mesmos, que temos as primícias do Espírito, também gememos em nós mesmos, esperando a adoção, a saber, a redenção do nosso corpo” (Romanos 8:20-23).
Quarta, a queda do homem trouxe como conseqüência a dor — dor para a mulher em sua esfera de vida (Gênesis 3:16), e dor para o homem em sua esfera de vida (Gênesis 3:17). Antes de pecarem, nem Adão nem Eva tinham em momento algum chorado, nem tinham seus corações sofrido de tristeza e pesar, mas depois de pecarem, essa condição se tornaria uma experiência de vida permanente com breves pausas ocasionais. Doença, pecado, morte, desapontamento, privação e muitas outras coisas tornam essa vida atual uma vida de muita tristeza no coração.
Quinta, como conseqüência da maldição sobre o solo, haveria o perigo constante de frustração na tentativa do homem de arrancar da terra indisposta seu meio de sustento de vida. “Espinhos, e cardos também, te produzirá” (Gênesis 3:18a). Sem dúvida essa maldição não estava restrita só à ocupação da lavoura, mas tem aplicação a todas as ocupações. Contudo, em nenhuma outra ocupação essa maldição é mais evidente do que na lavoura, pois todas as boas colheitas têm de receber todo o cuidado a fim de que produzam, enquanto há a batalha constante contra todos os tipos de ervas daninhas, que sempre estão florescendo e se reproduzindo de forma extraordinária, sufocando as plantas boas.
Sexta, o trabalho do homem seria cansativo e desagradável a sua existência terrena inteira (Gênesis 3:19): “No suor do teu rosto comerás o teu pão, até que te tornes à terra; porque dela foste tomado; porquanto és pó e em pó te tornarás” Nunca foi a intenção de Deus que o homem ficasse ocioso, e por esse motivo até mesmo antes da queda, o homem tinha a tarefa de cultivar o jardim (Gênesis 2:15), e mesmo depois que a terra tiver sido redimida e purificada de todas devastações de pecado, o homem estará ainda ocupado servindo Deus (Apocalipse 22:3), mas isso é uma disparidade desapontante do trabalho cansativo que é o destino da humanidade caída por causa da maldição.
Sétimo, a morte física foi conseqüência da maldição, pois está escrito: “…até que te tornes à terra; porque dela foste tomado; porquanto és pó e em pó te tornarás” (Gênesis 3:19). A morte é a conseqüência natural do pecado, e o segue certamente, exatamente como escreve Tiago: “Depois, havendo a concupiscência concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte” (Tiago 1:15). A morte física não é a pior parte da maldição, mas é um lembrete muitíssimo claro e constante ao homem de sua condição caída.
Numa palavra, o caos foi conseqüência do pecado e queda de Adão, pois não só ele atirou sua própria descendência à ruína, mas também trouxe devastação à criação inteira. No entanto, há uma bendita esperança, pois notamos finalmente:
V. A INTERVENÇÃO DA REDENÇÃO.
Por seu pecado o homem mereceu a morte eterna, mas Deus em Sua graça e misericórdia planejou a redenção; isso e mais, Ele a supriu antes da fundação do mundo. A queda do homem não pegou Deus de surpresa, pois a provisão da redenção do homem foi feita antes que o homem chegasse a existir, e assim antes que surgisse a necessidade. Assim está escrito que Cristo é “o Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo” (Apocalipse 13:8). Não só isso, mas também está escrito que “…nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor” (Efésios 1:4).
A provisão de Deus envolvendo redenção antedata a existência do homem, e também a sua necessidade, mas foi proclamada imediatamente quando surgiu a necessidade, pois a primeira promessa acerca do Redentor que viria se registra em Gênesis 3:15: “E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar”
Mas não só houve a proclamação de uma provisão de redenção, mas também houve a provisão de um lugar de adoração em que Deus se encontraria com o homem e aceitaria sua oferta: “E havendo lançado fora o homem, pós querubins ao oriente do jardim do Éden, e uma espada inflamada que andava ao redor, para guardar o caminho da árvore da vida” (Gênesis 3:24). Os querubins simbolizam a presença de Deus, e o lugar em que Ele se encontraria com o homem, conforme está escrito: “E ali virei a ti, e falarei contigo de cima do propiciatório, do meio dos dois querubins (que estão sobre a arca do testemunho)…” (Êxodo 25:22).
Vamos entender que imediatamente depois da queda do homem a graça interveio. Primeiro, com a promessa de um Redentor que destruiria as obras do diabo. Segundo, com uma veste simbolizando a justiça de Cristo. Terceiro, com um propiciatório indicando o método pelo qual se poderia se aproximar de Deus para obter salvação. Desse tempo em diante até a época do dilúvio esse propiciatório está a leste do jardim e quem quiser ter parte na árvore da vida e viver para sempre tem de ir até Deus onde ele habita entre os querubins, onde o Shekinah simboliza sua presença, e para que possamos só nos achegar a Ele no sangue de uma expiação. — B. H. Carroll, An Interpret¬ation of the English Bible (Uma Interpretação da Bíblia em Inglês), Vol. I, p. 112. Broadman Press, Nashville, 1947.
Que uma redenção foi realmente suprida para Adão e Eva é completamente certa a partir da representação simbólica quando Deus lhes supriu veste para cobrir a nudez deles, matando animais e tirando suas peles: “E fez o SENHOR Deus a Adão e à sua mulher túnicas de peles, e os vestiu” (Gênesis 3:21). As Escrituras utilizam a nudez bem comumente como símbolo de pecaminosidade ou falta de justiça, enquanto a provisão de vestes simboliza a imputação da justiça de outro para um pecador. O fato de que essas vestes eram peles de animais indica que a fim de que se cobrisse a injustiça do homem, outro tinha de morrer em seu lugar, e assim apresenta a doutrina da substituição. O fato de que o próprio Deus supriu essa veste para Adão e Eva mostra que Deus Se agradou a suprir o Substituto com cuja morte o homem poderia ser perdoado.
Esse versículo nos dá um quadro típico da salvação de um pecador. Foi o primeiro sermão do Evangelho, pregado pelo próprio Deus, não em palavras, mas em símbolo e ação. Foi a apresentação do caminho pelo qual uma criatura pecadora poderia retornar para e se aproximar ao seu Criador santo. Foi a declaração inicial do fato fundamental de que “sem derramamento de sangue não há remissão” Foi uma bendita ilustração de substituição — o inocente morrendo no lugar do culpado. — A. W. Pink, Gleanings in Gênesis (Coletâneas de Gênesis), p. 44. Moody Press, Chicago, 1922.
O homem, por seu pecado, se tornou uma criatura caída e totalmente depravada, e assim levou a maldição que havia sido declarada com relação à transgressão do mandamento original de Deus. Ele mereceu somente o inferno, e jamais poderia por suas próprias obras ser outra coisa, de modo que se ele chegasse a ser redimido, tinha de ser por graça — isto é, totalmente sem levar em consideração as virtudes por parte dele, e é assim as Escrituras representam universalmente a obtenção da salvação — pela graça. Mas a própria redenção não é pela graça, pois foi Cristo quem a realizou, ao pagar o preço total pelo resgate do homem da maldição da lei. Aliás, “redimir” significa “comprar do mercado de escravos”, ou “libertar por pagar o preço” A redenção é a grande realização de Cristo para resgatar o homem da queda, enquanto a salvação é o grande resultado disso que se dá ao homem caído gratuitamente. Assim, o homem não tem nenhuma necessidade de tentar fazer uma redenção para si pelas seguintes razões: (1) É impossível para ele em sua condição caída e depravada fazer qualquer coisa que seria aceitável a Deus. (2) Cristo já realizou tudo o que era necessário para a redenção do homem. (3) A tentativa de realizar uma redenção para si é negar ou a eficácia ou a disponibilidade da redenção de Cristo, e assim apresentar uma afronta ao Pai também. Soluciona-se isso de forma bem simples: o homem tem de ou gratamente aceitar a redenção que se fez, ou ficar sem redenção e entrar na eternidade sem Cristo. Não há alternativa.
A redenção é parte daquele assunto amplo e muito grande, a expiação, ao qual esperamos dar atenção num estudo subseqüente, e assim por ora nos contentamos em dar apenas um esboço sugestivo de redenção para o leitor estudar mais. As Escrituras apresentam as coisas seguintes acerca da redenção: I. A Redenção Proposta. II. A Redenção Prefigurada (nos sacrifícios do Antigo Testamento). III. A Redenção Comprada. IV. A Redenção Pregada. V. A Redenção Aperfeiçoada (completada no Arrebatamento). VI. A Redenção Louvada (a canção dos santos na eternidade).
O pecado original do homem foi um pecado de toda a humanidade, e atirou a raça humana inteira a um estado de caos do qual só havia recuperação mediante a sabedoria e operação de Deus, mas a verdade bendita é que o homem ganha mais com a redenção que está em Cristo Jesus, do que ele perdeu com sua queda em Adão. Contudo, isso ele ganha não por suas próprias obras ou esforços, mas exclusivamente pelo favor imerecido e imerecível de Deus. Todo louvor, então, a Deus e a Ele somente.
O PECADO NA VIDA DO CRENTE - PARTE I
Introdução
Podem pensar muitos que, uma vez que uma pessoa se torna crente, ela nunca mais peca. É uma verdade que aquilo que é nascido no crente não pode pecar e nunca vai pecar (I João 3:9; 5:18). Esse que é nascido é a natureza divina no crente. A natureza divina no crente não pode pecar, mas o crente pode. O pecado que o crente tem é ligado a ele por ele viver no mundo (I João 2:16) e ter o pecado ainda nos seus membros (Rom 7:23). Enquanto o crente está na carne, terá o problema do pecado (Mat. 26:41; "... o espírito está pronto, mas a carne é fraca."). Se não tivesse a possibilidade do crente ser influenciado pelo pecado, Davi não teria orado: "Expurga-me tu dos que me são ocultos." (Sal 19:12; 119:133) e nem teria dito: "O meu pecado está sempre diante de mim" (Sal 51:3). Jesus também não teria orado ao Pai que "os livres do mal" (João 17:15). Paulo tinha uma luta constante que o provocou a lamentar: "Miserável homem que eu sou! Quem me livrará do corpo desta morte?"(Rom 7:24).
É fato bíblico que o crente peca (Prov. 20:9; Ecl. 7:20) pois ele é fraco pela carne (João 3:6, "O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito."). Tanto a realidade da presença do pecado na vida do crente quanto a nova natureza é vista claramente na doutrina da santificação que envolve a correção de Deus (Heb 12:5-13). Se não houvesse pecado na vida do crente, nunca haveria a correção. Se alguém que se acha crente não conhece a mão pesada de Deus que corrige seus filhos, levando-os para serem "participantes da Sua santidade" (Heb 12:10), esse tal não tem razão nenhuma de se achar salvo.
Mesmo que haja a capacidade de pecar, o crente é responsável por não pecar (I Ped 1:15, "sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver"; I João 2:1; "estas coisas vos escrevo para que não pequeis"). A possibilidade de pecar nunca é razão de desculpar a ação do pecado, mas uma forte razão de vigiar (Mat. 26:41) para que não entreis em tentação.
É verdade que quem está salvo, e quem tem essa nova natureza feita por Deus em Cristo, tem uma luta com o pecado (Gal 5:17; "e estes opõem-se um ao outro"; Rom 7:23; "que batalha contra a lei do meu entendimento"). Antes de ser Cristão, o salvo não tinha forças nenhumas para dominar o pecado (Rom 8:8). Em Cristo, o Cristão, por Cristo, tem o que é necessário para dominar o pecado (Mat. 26:41; Fil. 4:13; I João 4:4).
Por causa da confusão que existe sobre este assunto e as dúvidas que Satanás pode trazer à mente do pecador e ao crente, seria proveitoso estudar o que acontece e o que não acontece quando o crente peca.
O QUE NÃO ACONTECE QUANDO O CRENTE PECA ! Parte - I
O Crente Não Cessa de Ser Filho de Deus
Por Deus somos nascidos de novo. Deus usa a terminologia "filhos" para mostrar o relacionamento especial que ele tem com os Seus pelo novo nascimento. A Bíblia, usando o termo "filho" (Rom 8:14-17), revela a realidade do novo nascimento espiritual que mostra a impossibilidade de quebrar os laços permanentes que Deus tem com os seus. Será que existe a possibilidade de alguém fazer destes "des-nascidos"?
Esse relacionamento de "filho", olhado de outro aspecto, é chamado adoção. É um ato judicial, que é realizado na parte de Deus, (Gal 4:4-7), por Jesus Cristo e a obra do Espírito Santo, com aquele que era filho "da desobediência" (Efés 2:2). Esse ato mostra como o crente é feito em uma "nova criatura", (II Cor 5:17), pois este é mudado para uma família nova, com uma natureza nova. Será que uma criação de Deus pode ser desfeita?
O crente é nascido de novo pelo Espírito de Deus, (João 3:3-8) através da semente incorruptível (a Palavra de Deus, I Ped 1:23) que permanece "para sempre". Quando cessa a incorruptibilidade?
Todavia, o pecado na vida do crente tem um efeito, mesmo que não desfaça a condição de ser ele um filho de Deus. O crente que peca tem quebrada a comunhão com Deus. Nunca devemos pensar que Deus coopera ou que tem uma coexistência com o pecado. A Bíblia mostra claramente que "Não há santo como o Senhor é santo" (I Sam 2:2). Pela inspiração do Espírito Santo, a Bíblia estabelece que "Deus é luz e não há nEle trevas nenhumas" (I João 1:5). Amós faz aos filhos desobedientes de Deus, o Israel, uma pergunta que convém ainda hoje: "Porventura andarão dois juntos, se não estiverem de acordo?" (Amós 3:3). O filho pródigo, mesmo no pecado continuou sendo o filho do pai, mas por causa do seu orgulho, era desobediente e, nessa condição, não andava com o pai (Luc 15:11-32).
A comunhão quebrada, muitas vezes, é a correção de Deus com Seus filhos. Não é a salvação que termina, mas a "alegria" da salvação que é removida (Sal 51:1, 10-12). Existem varias manifestações desta quebra de comunhão: pode ser percebida pela falta de vitória espiritual (Prov. 28:13; II Tess 5:19, "não extingais o Espírito.); "Confusão de rosto" (Dan 9:8) e até mal (Dan 9:12-14). A quebra de comunhão é para o crente verdadeiro uma correção eficaz. Aquele que já saboreou as delícias do fruto do Espírito Santo (Gal 5:22) e o conforto de um caminhar constante com o Santo sabe como é terrível a quebra da comunhão com Deus. Por isso Davi clamou para ter de volta tal alegria, e Pedro quando pecou, "chorou amargamente" (Mat. 26:75).
A solução para o pecado na vida do crente é a confissão. A justificação é feita uma vez e "de tudo" (Atos 13:39) mas a purificação é contínua. A justificação é feita pela graça de Deus, "pela redenção que há em Cristo Jesus" (Rom 3:24) e pela qual temos a "paz com Deus" (Rom 5:1), mas a purificação que faz parte da santificação é feita pelo crente (Lev 26:40-42, "então confessarão a sua iniquidade"; II Cron. 7:14; "se humilhar, orar, buscar a minha face e se converter dos seus maus caminhos"; I João 1:9, "se confessarmos"). Existe uma lavagem constante que é parte da obra de santificação na vida do crente. Essa lavagem é pela Palavra de Deus (Efés 5:26) e nas horas de correção, quando a comunhão com Deus é quebrada, o crente clama por tal lavagem (Sal 51:2).
Se está com a mão de Deus na sua vida e suspeita que haja pecado impedindo as bênçãos preciosas da Sua presença, procure o Deus em oração, que Ele sonda o seu coração, revelando-se qualquer coisa, confesse-a imediatamente, procurando humildemente a Sua misericórdia e aquilo que é necessário para endireitar os seus pés no Seu caminho.
O Crente Não Perde a Vida Eterna
A felicidade eterna do crente é o que a Bíblia enfatiza repetidas vezes: o fato de que o salvo tem vida eterna. Essa salvação eterna é baseada na graça de Deus (Rom 11:6; Efés. 2:4-9; João 3:16; I João 4:19). O pecador, que é o objetivo da graça de Deus, não mereceu tal graça, nem antes de conhecê-la (Rom 5:6-8) nem depois (Rom 7:18).
Não há como enfatizar demais o fato da vida eterna. Essa vida é diferente daquela que Adão conheceu no Jardim do Éden e daquela que o povo de Israel conheceu diante da lei. A vida que Adão conheceu era probatória e a vida que Israel conheceu sobre a lei era condicional. Enquanto Adão não comia da árvore do conhecimento do bem e do mal, ele gozava paz com Deus e sua permanência no jardim do Éden (Gên. 2:17; 3:6, 22-24). Enquanto Israel não adorava ídolos, enquanto Israel cumpria a lei, gozava das bênçãos de Deus. O salvo é diferente, sendo que ele tem vida eterna baseada na obra de Cristo.
A certeza dessa vida é entendida por palavras sugeridas pela Bíblia. Palavras como "salvar perfeitamente" (Heb 7;24,25), "não pereça" (João 3:16), "nunca" (João 10:28) e "ninguém pode arrebatar" (João 10:28,29) mostram a permanência desta vida em Cristo. É essencial lembrar que "os dons e a vocação de Deus são sem arrependimento" (Rom 11:29).
Todavia, o pecado na vida do crente tem um efeito, mesmo que não transforme o que é eterno em temporário. O crente que peca perde a segurança da sua salvação. Isso quer dizer que ele perde o sentimento ou confiança da segurança da sua salvação. A segurança da salvação vem com a obediência (I João 2:3).
Jonas conheceu esta perda de confiança com seu pecado, pois nas entranhas do peixe ele disse: "Lançado estou de diante dos teus olhos" (Jonas 2:4), uma condição que revela uma falta de comunhão e a falta de confiança que acompanha tal comunhão (II Pedro 1:4-9).
Jeremias lamentou: "Ainda quando clamo e grito, ele exclui a minha oração" (Lam 3:8). Esse sentimento de abandono é mais usual entre os crentes que têm pecado (Sal 51:3,11; 77:7-9).
A solução para o pecado na vida do crente é Cristo (I João 2:1,2). Aquele que é a salvação do pecador é a solução do crente que peca. O Crente Não Perde O Espírito Santo
Não deve ser uma surpresa para o crente que tudo sobre a sua salvação venha do Senhor (Jonas 2:9). Nenhuma parte da salvação, seja no passado no presente ou no futuro, depende da justiça do homem, principalmente porque o homem não tem nenhuma justiça própria (Isa 64:6; Rom 3:10-18). O Espírito Santo é quem opera as obras de salvação em nós. Ele testifica de Cristo (João 15:26) e nos convence do pecado, da justiça e do juízo (João 16:8). A fé é fruto do Espírito Santo (Gal 5:22) e também a segurança da própria salvação (Rom. 8:16). Por Deus ser Quem faz toda parte da obra de salvação o cristão pode ser ciente de que ela dura para todo o sempre (Ecl. 3:14; Isa 51:6,8).
O pecador recebe várias promessas e possessões quando Deus o traz à fé em Jesus Cristo. Uma das coisas que ele recebe é o Espírito Santo. O Espírito Santo foi dado para ficar com o cristão para sempre (João 14:16). Será que um pecado por parte do cristão forçará Deus a mudar a Sua vontade? Existe algo que é maior que Deus para forçar que o Espírito Santo não fique mais com o cristão para sempre? Ninguém pode desfazer a obra de Deus por Cristo (Dan 4:35; João 10:28,29)! Nós merecemos perder o Espírito Santo, mas, por causa da promessa e a graça de Deus, não O perdemos (Mal 3:6).
É importante lembrar que o Espírito Santo está na vida do crente por causa da obra de Deus por Cristo e não pela obra do crente. Se for pela obra de Cristo e se Cristo satisfaz Deus em tudo, (Isaías 53:11) o que a Sua obra efetua é eterna, pois Cristo é eterno (João 1:1; 8:58).
A presença do Espírito Santo é tão segura que a Palavra de Deus usa a palavra "selados" para mostrar tal permanência. A palavra "selados" em grego significa "selar" ou "marcar com um selo". Isso seria para proteção, manter em confiança (Apoc 5:1,2), ou para provar (I Cor 9:2) ou confirmar (II Tim 2:19) (#4973, Strong?s, Online Bible). Essa permanência contínua é determinada pela frase "para o dia da redenção" (Efés. 4:30; 1:13,14). O dia da redenção é o dia em que o corpo, a alma e o coração do cristão estarão juntos no céu com Cristo. O cristão é seguro para esse dia. Sabendo que somos selados no Espírito Santo até o dia da redenção somos levados a sermos vigilantes; não por causa de uma possibilidade de poder perder o Espírito Santo, mas para não entristecer o próprio Espírito Santo.
Pela possessão do Espírito Santo, o cristão é tido como sendo salvo (Rom 8:9,14-16). Para entender que a presença do Espírito Santo não se baseia na possibilidade de o crente não pecar, podemos considerar os irmãos na igreja em Corinto. Mesmo com os pecados grossos e a ignorância que existia naquela igreja, os membros foram denominados como tendo o Espírito Santo (I Cor 3:16).
Todavia, o crente pode entristecer o Espírito Santo (Efés. 4:30; I Tess 5:19). Quando o Espírito Santo é entristecido, as vitórias na vida, as conquistas sobre o pecado e o crescimento na graça são prejudicados (Isaías 63:10; Heb 3:10-17). Pergunte ao Himeneu e Alexandre se valeu a pena entristecer o Espírito Santo (I Tim 1:19,20).
A Solução para o pecado na vida do crente é uma limpeza espiritual constante. Note-se que Davi foi sondado por Deus mais de uma vez (Sal 139:1,23,24). É verdade que aquele arrependimento e a fé que trouxeram a salvação é uma atividade contínua para o crente que conhece a sua fragilidade pela carne (Col 2:6). Pelo andar no Espírito, o cristão é santificado para agradar a Deus e conhecer as bênçãos desse andar íntimo (Gal 5:24,25). Quando a carne está incitada na sua vida, seja ela crucificada com as suas paixões e concupiscências. Jamais as defenda.
O Crente Não Torna Desqualificado para Ir ao Céu
Nenhum homem nascido de mulher vai ao céu por sua própria justiça. Só podem ir ao céu os que foram feitos idôneos. Por causa de o homem não ter nenhuma justiça própria (Isa 64:6; Rom. 3:10), ele deve ser feito idôneo pela justiça de um outro. Dependendo das qualidades pessoais de quem o faz idôneo, pode o homem participar da herança dos santos na luz. Foi Deus o Pai quem nos fez idôneos para tal participação, nos tirando da potestade das trevas e nos transportando para o reino do Seu Filho (Col 1:12,13). Se foi o mesmo Deus que fez essa obra, como alguém outro pode desfazê-la (João 10:29)?
A obra que o Pai fez, fê-la por Seu Filho Jesus Cristo. Cristo se ofereceu para sempre como um único sacrifício pelos pecados. Pelo sacrifício de si mesmo, Cristo aperfeiçoa para sempre os santificados (Heb 10:12-14). Como é que um aperfeiçoado não conhecerá o lugar onde não há nada que o contamine (Apoc 21:27)? A herança dada por Jesus Cristo é incorruptível, incontaminável, não pode murchar (I Pedro 1:3-5) e de maneira nenhuma o Cristão será feito desqualificado para o céu (Judas 1:1,24).
A obra de Deus feita pelo sangue de Cristo tirou toda a condenação de todo o pecado do crente (Apoc 1:5). Com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado, fomos resgatados (I Pedro 1:18,19),e, por isso iremos ao Pai (João 14:6).
A obra que Deus faz é perfeita. É tão perfeita que desde a eternidade Deus conhece o fim da Sua obra. Por isso o Espírito Santo inspirou o Apóstolo Paulo a escrever que os santificados que Cristo aperfeiçoou (I Cor 6:11) serão verdadeiramente glorificados (Rom. 8:29,30). Não há dúvida nenhuma de que os que foram amados com amor eterno e atraídos com Sua benignidade (Jer 31:3) estarão ao redor do Seu trono na glória (Rom. 8:17; Heb 2:10). Pelo poder de Deus, os salvos entrarão na sua herança (Atos 20:32).
Todavia, mesmo que o filho endureça o seu coração à correção que o Pai dá (Heb 12:7) e não se torna desqualificado para ir ao céu, pode ter a sua vida encurtada aqui na terra. Deus é glorificado quando os Seus dão frutos (João 15:8) e os filhos de Deus que não se submetem à Palavra de Deus sofrem uma correção dura, até uma vida curta aqui na terra (I Cor 11:30; Sal 38:3; 89:30-34), mesmo que as suas almas sejam salvas no último dia (Sal 89:30-34; I Cor 3:15,16; 5:5).
A Solução para o Cristão não ter pecado reinando na sua vida é ser vigilante em oração (I Pedro 4:7). É impossível ao Cristão que tenha uma vida de oração ativa viver em pecado. Portanto, vigiai em oração. Lembrando-se das bênçãos que tem em Cristo, o filho verdadeiro, purifica-se a si mesmo para ser como Cristo (I João 3:3). Portanto, lembre-se constantemente das bênçãos que tem em Cristo. Uma obediência ativa da Palavra de Deus faz que o Cristão seja prevenido de praticar o que não deve (Luc 19:13; Efés. 2:10). Portanto, seja intensamente ativa na obra de Deus.
Um Resumo: Nenhum Cristão Nunca Vai ao Inferno para Eternamente ser Atormentado
O Apóstolo Paulo, pela inspiração do Espírito Santo, enfatizou que houve uma palavra fiel e digna de toda a aceitação. Essa palavra fiel era que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores (I Tim 1:15). Se apenas um, entre todos os milhões de pecadores salvos por Cristo Jesus, fosse ao inferno para eternamente ser atormentado, essa palavra não seria fiel nem digna de aceitação. Mas as Escrituras determinam essa palavra fiel e digna. Os pecadores em Cristo são salvos! A beleza do fato de que Cristo é o Salvador dos pecadores é entendida quando se entende que Cristo não só veio para salvar os pecadores mas que também é poderoso para conservá-los (Judas 1:1,24) e guardar o que é depositado nEle até o dia final (II Tim 1:12). A certeza da salvação é baseada na pessoa e poder de Jesus Cristo. Como não há dúvida nenhuma de que o pecado destrói, incita medo, envergonha e engana, também não há dúvida nenhuma que Cristo pagou o preço inteiro para o crente ser apresentado perante a Sua glória irrepreensível e isso, com alegria (Rom. 5:6-8; Judas 24). Graças a Deus pela palavra fiel e digna de toda a aceitação!
A paternidade que o filho de Deus tem por intermédio de Jesus Cristo é razão suficiente para assegurar que nenhum filho vai ao inferno. Pelo amor de Deus (I João 4:19) e pela vontade de Deus Pai (João 1:13) o crente é feito filho idôneo para participar da herança dos santos (Col 1:12). Há algo maior do que o Pai que pode modificar a vontade dEle (Dan 4:35; João 10:29)? Não!
A posição que o filho de Deus tem por Jesus Cristo é razão suficiente para afirmar que o crente não vai ao inferno para eternamente ser atormentado. Nenhum filho de Deus sofrerá no inferno mas estará onde Cristo estiver. Isso é tão confiável quanto a oração e a vontade de Jesus (João 17:24; 14:1-6). Por causa de tal confiança o Apóstolo João afirmou: "Amados, agora somos filhos de Deus" (I João 3:2). Os verdadeiros Cristãos podem ter a mesma confiança. Sendo filhos, somos logo herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo (Rom. 8:17), Quem nos aperfeiçoou para sempre (Heb 10:14). Por sermos nascidos filhos de Deus pela semente incorruptível, (I Pedro 1:23) temos a posição abençoada de filhos de Deus. Para estes não há nenhuma condenação (Rom. 8:1).
A possessão que o filho de Deus tem por Jesus Cristo é razão suficiente para afirmar que o crente nunca perecerá no inferno. O Cristão tem a vida eterna, (Rom. 6:23) por estar em Jesus Cristo. Jamais os que crêem no Filho irão ao lugar de morte eterna pois têm a vida. São os que não têm Cristo que não têm e não verão a vida (João 3:36). Tanto quanto a vida eterna, o Cristão tem o Espírito Santo (Rom. 8:14; Efés. 4:30). Os que têm o Espírito Santo serão salvos no último dia sem dúvida nenhuma (I Cor 3:13-16) e não há nenhuma possibilidade de perecerem no inferno.
Muitas vezes, as próprias boas obras dos Cristãos causam confusão em alguns. Há ênfase na Bíblia para o Cristão andar ao agrado do Pai, e isso, pela obediência. Não há dúvida nenhuma de que há boas obras para serem operadas pelo crente (Efés 2:10) que incluem um andar para testemunhar diariamente a Deus (Mat. 5:14-16) e uma batalha para ser feita pela fé. A confusão vem, quando as obras são interpretadas como sendo a causa e não o efeito da vida nova em Cristo. Pelo amor de Deus somos salvos por Cristo. Por sermos salvos nós amamos a Deus (I João 4:19). Não é o nosso amor que causa Deus nos dar Cristo. A nossa obediência é fruto do Espírito Santo de Deus, nos ensinando, consolando e guiando (João 14:26; 15:26; Gal 5:22,23) e não a causa de recebermos o Espírito Santo. Pode ser entendido por um estudo atencioso da Palavra de Deus que as boas obras, o bom testemunho, a batalha feita pela fé ou a nossa obediência nunca são as causas de obter Cristo ou a graça (I Tim 1:12-14). Devemos lembrar estas duas verdades:
1. Salvação é pela graça - NUNCA é merecida (Rom. 11:6; Efés 2:8,9).
2. Salvação é por Cristo - NUNCA pelo homem (João 3:35,36; 14:6; Rom. 5:6,8).
Em resumo é bom lembrar que é fato que o crente peca. Somente precisamos considerar as vidas de Abraão, de Jacó, de Moisés e de Davi para entendermos que os crentes pecam. Estes que pecaram não foram listados entres os que perecem no inferno, mas foram incluídos entres os que têm a fé verdadeira (Heb 11). Tinham a fé em Cristo (Heb 11:39; 12:2) e por isso alcançaram testemunho, mesmo antes que a promessa (Cristo) viesse. Você tem tal fé em Cristo?
O PECADO NA VIDA DO CRENTE - PARTE II
O QUE ACONTECE QUANDO O CRENTE PECA?
Temos estudado até este ponto as belezas de ser conhecido por Deus através do Seu Filho Jesus Cristo. As bênçãos de tal relacionamento gracioso são maiores do que a condenação que qualquer ação pecaminosa pode trazer na vida. Mas estas verdades só confortam os Cristãos verdadeiros. De maneira nenhuma devem desculpar o domínio do pecado na vida de qualquer. Para a pessoa que quer andar com o nome de Deus na boca, mas quer amar o pecado no coração, estas verdades estudadas não têm nenhuma colocação. Se tal pessoa pode amar o pecado, sem ter a mão pesada de Deus castigando-a, a verdade plena é que tal pessoa não conhece Deus verdadeiramente. Essa pessoa não deve se iludir. Se uma pessoa não tem uma nova natureza (II Cor 5:17), que é testemunhada através do Espírito Santo morando e transformando a sua vida à imagem de Cristo (Rom. 8:11-14, 29), então essa pessoa não é nada de Deus. É a necessidade de ser nascido de novo, do Espírito (João 3:5-8).
O Cristão está seguro eternamente em Cristo, mas essa segurança não deve ocultar a verdade de que o pecado tem efeito na sua vida terrena. O estudo que segue considerará essas verdades.
A Comunhão com Deus está Quebrada
A natureza de Deus é santidade, (I Sam 2:2; I Pedro 1:13-16; I João 1:5, "não há trevas nenhumas") e dos Seus filhos também (I Pedro 1:14-16). O propósito da salvação é tornar o que era filho da desobediência em filho de Deus (Efés. 2:2; I João 3:1,2); o que era perdido, achado e salvo,(Luc 19:10) e o que era longe, perto (Efés. 2:13). Por Cristo, a natureza do pecador que se inclinava para a morte, pela carne, é feita nova para a vida em paz pelo Espírito por causa de Jesus Cristo (Rom. 8:3-10; II Cor 5:17). Pelo pecado, o homem natural é separado de Deus (Isa 55:1,2), mas por Cristo a parede de separação que estava no meio é derrubada e uma união de paz é feita onde a ira antes reinava (Efés. 2:13-16). Nessa vida nova, a comunhão é incentivada pelo Espírito Santo (Rom. 8:15) pois, na conversão, temos a mente de Cristo (I Cor 2:16) e vida nova com Deus.
Quando o Cristão peca, a correção é imediatamente aplicada (Próv. 3:12; Heb 12:5-9) e parte dessa correção é uma quebra de comunhão com Deus (Sal 39:10,11; 51:1,10-12). A quebra de comunhão como correção não deve ser uma surpresa, mas entendida como sendo uma conseqüência normal (Amós 3:1-3). Por isso, quando os filhos de Israel praticaram o pecado, não cessaram de ser filhos, mas a vara de correção foi aplicada muitas vezes em uma comunhão quebrada, e eles clamaram ao Senhor para ter de novo essa comunhão. Essa comunhão quebrada pode existir por anos, e como podemos entender pela história de Israel, trouxe efetivamente os filhos de volta a clamar pela relação íntima que Deus desejava (Êx. 3:7,8; Juízes 3:9-11, etc.). Deus é o mesmo hoje (Mal 3:6).
A quebra de comunhão é eficaz, pois o Cristão, pela vida nova, não se associa bem com o mundo, pois o mundo aflige a sua consciência (II Pedro 2:7). Quando, pelo pecado, a comunhão com Deus é quebrada por entristecer o Espírito Santo, o Cristão está mesmo em apuros. Ele não pode recorrer ao mundo e nem tem liberdade com o Senhor Deus. Pode ser parte da razão por que Pedro chorou amargamente (Mat. 26:75). Aquele que conhece a comunhão íntima com Deus sabe como a quebra de tal é uma vara de correção eficaz.
A única solução é a confissão e o abandono do pecado (II Crôn. 7:14,15; Sal 51:1-4; Prov. 28:13; I João 1:9).
O Poder para Ser Servo Fiel é Destruído
Para se ser um servo fiel para a glória de Deus são necessários as Suas bênçãos. Ser um servo fiel não é fruto da carne. Na carne não habita bem algum (Rom. 7:18). Só as bênçãos de Deus em uma vida produzem fruto que convém ser visto publicamente (Gal 5:22). Mas quando há presença de pecado na vida, como podem as bênçãos de Deus ser esperadas? Não podemos servir a dois senhores (Mat. 6:24). Se servimos ao pecado estamos contra o Senhor (Mat. 12:30; Rom. 6:12,16). Se atendermos à iniqüidade em nossos corações, O Senhor não nos ouvirá (Sal 66:18). Devemos esperar o poder do Senhor em nossas vidas quando o Senhor não é agradado por nós? Devemos esperar força para obedecer quando estamos vivendo contra o Senhor? Se Deus não nos ouve, devemos estar seguros em nossas vidas espirituais? Sem tais bênçãos, sem a força de Deus e de Seu ouvido nos dando atenção, podemos realmente esperar poder ser um servo fiel?
O servo fiel tem algo para ministrar aos outros. Ele continuamente conhece a beneficência, o juízo e a justiça na terra. Ele conhece que o Senhor é O Senhor (Jer 9:23,24). Ele tem constantemente a alegria e o gozo no seu coração que a Palavra de Deus produz (Jer 15:16). Ele bebeu naquele dia da fonte da água, que salta para a vida eterna e por isso tem o poder de Deus na sua vida (João 4:14; Atos 1:8). Este crente tem um relacionamento vivo que emana do seu andar com Deus. Mas, se o servo está praticando pecado, se tem mãos sujas, se não tem comunhão viva com o Senhor, como é que ele vai ter algo para proclamar ou pregar? Como é que o crente vai ser um servo fiel quando o céu parece fechado (Sal 34:16), o espírito parece morto (Sal 32:3,4) e as suas experiências estão confusas? Esse servo de Deus tem problemas sérios com ele mesmo, com o seu Deus e, conseqüentemente, com o mundo.
A solução é confessar o pecado (Sal 32:5) e ter uma vida íntegra com o Senhor e Salvador Jesus Cristo. Por se dividir a adoração de Deus com o louvor do mundo, o poder de Deus na vida é destruído, então, uma vida reta para com Deus é o que deve ser procurada para remediar a situação (Sal 15:1-5). A possibilidade de o crente ter a glória de Deus na vida e ter o poder para ser um servo fiel somente é conhecida com atenção exclusiva à Palavra de Deus (Josué 1:7,8). Tendo um coração restrito a Deus e limpo de pecado, ânimo e poder de ensinar aos outros é lhe dado. (Sal 51:10-13). Apenas quando o crente busca primeiramente o reino de Deus e a sua justiça, é que tem o de que necessita tanto na sua vida terrena quanto na sua vida espiritual (Próv. 2:1-9; Mat. 6:33).
O Seu Testemunho Cristão é Danificado
I Tim 1:19; Tiago 3:13-18
A ciência nos diz que a luz (com uma velocidade de 299,792 km/seg.) da estrela mais perto da terra, "Próxima Centauri", a uns 32 milhões de quilômetros, leva 3.3 anos para chegar à terra. A distância média das estrelas é uns 65 anos-luz (Enciclopédia Multimedia da Grolier, Ver. 8.01, 1996 - assunto !estrelas, distancia? e !ano-luz?). A nossa vida espiritual é semelhante à luz de uma estrela. O brilho da nossa vida é visto e eficaz somente depois de muito tempo. Se algo entrasse entre a estrela e nós o brilho dela não mais seria visto por nós. Também, quando o pecado entra na vida do crente, esse brilho é interrompido ou, como acontece muitas vezes, é destruído completamente.
Conforme Mateus 5:14, nós somos "a luz do mundo". Isso quer dizer que nós refletimos Cristo, que é a Luz (João 8:12), ao mundo através das nossas vidas. Verdadeiramente o que os outros sabem de Cristo é conhecido pelas testemunhas que somos (Tito 2:5; Tiago 3:13-18; I Pedro 3:1,2). Por isso somos chamados "a luz do mundo", a candeia no velador e a cidade edificada sobre um monte (Mat. 5:14-16). Quando o pecado faz parte das nossas vidas cotidianas, o brilho de Cristo é diminuído, ou seja, o nosso testemunho de Cristo é danificado. O pecado é igual a algo que está entre nós e uma estrela. O brilho de Cristo não é visto mais.
Nosso corpo individualmente é o templo do Espírito Santo (I Cor 3:16,17; 6:19). O corpo somente pode manifestar, o que está por dentro dele. Se tiver pecado praticado por dentro, uma vida suja vai ser manifesta e não mais a glória de Deus. Um outro problema já é desencadeado com uma vida suja no mundo. Representamos mal o nosso Salvador ao mundo. Começamos por provocar confusão a todos ao redor de nós. Dizemos que somos Cristãos, mas vivemos em pecado. Dizemos que Cristo é poderoso para nos salvar dos pecados, mas vivemos caídos no pecado. Assim como um instrumento musical dando um som estranho, nós provocamos confusão (I Cor 14:7,8). O mundo ouve o que dizemos, mas examina as nossas vidas diárias. O mundo pensa, por causa dos nossas vidas, que Cristo é falho.
Nós, como membros de uma igreja verdadeira, coletivamente, somos feitos o corpo de Cristo (Efés. 1:23). Se os membros da igreja estão com pecado não confessado e abandonado, como é que Cristo vai ser visto pelo mundo como santo na assembléia? O mundo não precisa de uma testemunha com testemunho danificado. O mundo precisa ver a palavra de Deus representada através de uma vida santa para saber o que realmente significa a nossa pregação verbal. Por causa do dano que uma vida pecaminosa faz de Cristo, a correção de Deus pode ser exercitada com dureza (I Tim 1:19,20; I Cor 11:30), mesmo que a alma seja salva (I Cor 3:15,16).
A solução de pecado na vida é arrependimento a Deus. Isso inclui tristeza e abandono completo do pecado. Uma vez que o pecado é abandonado, o poder de Deus deve ser procurado para poder vencer o mal e para poder viver em submissão à vontade de Deus (Sal 139:23,24). Isso é o que o Apóstolo Pedro fez tornando-se um servo fiel (Mat. 26:75; João 21:17,19).
Se o pecado for contra um irmão, um arrependimento para com aquele irmão convém para consertar o testemunho diante do mundo e ser perdoado por Deus (Jó 42:8; Mat. 5:23,24)
Se o pecado for público, convém um arrependimento público. Somente assim terá um testemunho público restaurado (Zaqueu, Luc 19:8)
Para viver um testemunho depois de o danificar, cuide bem com a sua submissão à Palavra de Deus.
"Com que purificará o jovem o seu caminho?
Observando-o conforme a tua palavra."
Sal 119:9.
A Sua Posição no Céu é Detrminada
Heb 11:32-35
Se alguém for para o céu, será somente pela graça de Deus (Rom 5:15; 9:15,16; 11:6; Efés 2:8,9). Essa graça é motivada pelo amor de Deus por Seus eleitos (Jer 31:3; Efés 2:4-7). Quando falamos do céu, devemos enfatizar que o importante é conhecer Jesus Cristo no coração (João 14:6; Atos 4:12; I Cor 3:11; I Tim 2:5,6). Nenhum Cristão pode receber mais Cristo ou mais Espírito Santo do que qualquer outro Cristão. Os Cristãos podem ter responsabilidades diferenciadas e serem usados de forma variada durante o seu tempo na terra, mas todos os crentes em Jesus Cristo receberão o céu de igual forma.
Todavia, a Bíblia revela que existem posições no céu (Mat. 19:30; I Cor 3:12; 15:41,42; Heb 11:35, "uma melhor ressurreição) tanto quanto há no inferno (Mat. 10:15; Apoc 20:13).
No céu, essas posições são entendidas pela diferenciação dos galardões. Os galardões podem ser ganhos ou perdidos. Os galardões são coroas. Existem coroas da justiça (II Tim 4:8), da vida (Tiago 1:12), da glória (I Pedro 5:4; I Cor 9:25) e são para serem lançadas aos pés de quem está no trono (Apoc 4:9-11). Também entendemos que os Cristãos terão as suas obras julgadas pelo julgamento diante de Cristo (Rom 14:10; II Cor 5:10). Este julgamento não é o julgamento geral dos incrédulos, mas é o julgamento em que as obras feitas pelo Cristão em vida serão julgadas.
A posição no céu é determinada pelo serviço a Cristo durante a sua vida terrestre (Heb 11:26, 35). As obras determinam as coroas que temos e nossa posição no céu (I Cor 3:11-15). As obras feitas na força da carne findam-se em palha, feno e madeira, e serão queimadas ou perdidas. Perdendo os galardões, a posição no céu é determinada. As obras feitas na força de Deus para a Sua glória em amor nos dão ouro, prata e pedras preciosas e os galardões permanecem. Devemos ter cuidado para que ninguém tome a nossa coroa (II João 8; Apoc 3:11), tal perda será causa de choro (Apoc 21:4).
A perda das coroas, pela infidelidade do Cristão na vida terrena, confunde muitos. Pela perda das coroas, muitos entendem a perda da salvação. Mas a salvação é pela obra de Cristo e por isso é segura eternamente. As coroas são ganhas pela operação da graça de Deus em nossa vida Cristã na terra e determinam a nossa posição no céu. Podemos perder as coroas (I Cor 3:15; Apoc 3:11), mas nunca podemos perder Cristo ou o céu (João 10:27-29). O Cristão nunca será separado de Deus (Rom 8:35-39).
A solução para não perder os galardoes é não andar pela carne na vida Cristã (Gal 2:20). Uma vida piedosa "para tudo é proveitosa" (I Tim 4:8), e é a maneira pela qual fazemos as boas obras (Efés 2:10; Tito 3:8). Vivendo no Espírito (Gal 5:16), aplicando-nos mais e mais para viver conforme a Palavra de Deus, é viver segundo o poder de Deus em Cristo, Quem nos apresentará diante de Deus irrepreensíveis (Judas 24).
A Sua Vida Terá o Catigo de Deus
Heb 12:5-11
Castigo, para muitos, é uma palavra feia. No contexto bíblico, em referência a uma ação de Deus para com os seus, ou dos pais para com os seus filhos, é uma ação de amor. É amor tanto para com a pessoa corrigida quanto pelos princípios de justiça e santidade mantidos em alto respeito. O castigo aplicado por Deus, para com os Seus, jamais é uma ação de rancor, malícia, ódio ou outra manifestação que emana de uma falta de amor.
A condenação dos pecados precisa ser feita (Ezequiel 18:20, "A alma que pecar, essa morrerá"). Os que não têm os seus nomes escritos no livro da vida, os que nunca foram regenerados para serem filhos de Deus por Jesus Cristo, terão os seus pecados castigados no tempo do porvir no lago de fogo (II Tess 1:8-9; Apoc 20:11-15). Os que já foram regenerados por Deus têm seus pecados já castigados em Cristo (Isa 53:4-6; Rom 5:6-8; II Cor 5:21). A condenação eterna dos seus pecados foi levada em Cristo (Rom 8:1). Mas, mesmo assim, estes têm a sua desobediência corrigida em vida (Heb 12:5,6).
Este castigo (repreensão) dos filhos de Deus é para correção, e é marca de que é filho de Deus (Heb 12:7,8). Estes açoites vêm do Senhor (I Cor 11:32) e vêm para o bem (Rom 8:28, "para o bem"; Heb 12:10, "para nosso proveito, para sermos participantes da sua Santidade."). Deus pode usar os outros para estender a Sua correção (Mat. 18:15-17 - a igreja; Núm. 21:6 - situações; Juízes 3:3, 4 - pessoas que não conhecem a verdade) mas sempre vêm com a Sua direção. O castigo do Senhor é com o intuito de revelar o Seu amor (Prov. 3:12; Apoc 3:19, "Eu repreendo e castigo a todos quantos amo"), e de limpar os Seus para Ele (Efés 5:26,27; Heb 12:9,11).
TANTO MAIS SUJEIRA FAZ, MAIS "CORREÇÃO" LEVA
A solução é andar reto conforme a Palavra de Deus. Quando pecares, confessa-o (I João 1:9) e volta a observar os princípios deixados de obedecer (Sal 119:9; Apoc 3:19, "sê pois zeloso, e arrepende-te).
A Sua Vida na Terra Pode Sewr Encurtada
João 15:1-3
Brincar com Deus nunca foi saudável. Deus deve ser obedecido com temor e reverência (Ecl 12:13). O homem que peca, seja filho de Deus ou não, conhecerá a mão pesada de Deus. O filho de Deus conhecerá o castigo para trazê-lo à correção (Heb 12:5,6). Quem não é filho de Deus não conhecerá a correção, mas conhecerá a punição eterna que leva à glória de Deus por Jesus Cristo (Fil. 2:10,11; Luc 16:27,28). Podemos procurar esconder as nossas ações de pecado pelas desculpas, boas intenções ou pela ignorância, mas Aquele que conhece os corações agirá com justiça e Ele não depende de nossas explicações. A correção de Deus para quem está em Cristo e insiste no pecado, pode resultar em morte !precoce? (João 15:2, "Toda a vara em Mim, que não dá fruto, a tira"). A punição para quem não está em Cristo não é outra; "será lançado fora, como a vara, e secará; e a colhe e lança-a no fogo, e arde." (João 15:6). Em vez de brincar com pecado, devemos arrepender-nos dele e correr à misericórdia de Deus, que foi revelada em Cristo.
Há casos bíblicos de morte de crentes que insistem no pecado. Em Eféso, onde Timóteo estava pastoreando (I Tim 1:3), Hemeneu e Alexandre foram dois que não conservaram a fé e a boa consciência e fizeram naufrágio na fé. Eles foram entregues a Satanás "para que aprendam a não blasfemar" (I Tim 1:19,20; II Tim 2:16-19; II Tim 4:14). A instrução do Apóstolo Paulo para os crentes em Corinto, que insistiram no pecado, era para serem entregues a Satanás, não para a destruição da alma, mas, sim, do corpo (I Cor 3:12-16; 5:1-5). Há o caso dos crentes que não procuraram o perdão para serem sérios na prática da sua confissão e foram afligidos com doenças e até alguns morreram (Atos 5:1-10; I Cor 11:28-31).
Deus quer que Seu povo seja santo. Aquele que está oprimido pelo seu pecado e cansado dele, está instruído a tomar o jugo de Cristo e a aprender dEle (Mat. 11:28-30).
"Quem é o homem que deseja a vida, que quer largos dias para ver o bem?
Guarda a tua língua do mal, e os teus lábios de falarem o engano.
Aparta-te do mal, e faze o bem; procura a paz, e segue-a." Salmos 34:12-14
COMO TER A VITÓRIA DO PECADO
Por vivermos em um mundo onde o astuto Satanás é o príncipe das potestades do ar (Efés. 2:2); por não temos que lutar contra a carne e o sangue (Efés. 6:12); por termos um coração enganoso mais do que podemos conhecer (Jer 17:9) e pelos efeitos destrutivos que o pecado faz na vida do crente, (nos estudos acima) devemos ser perspicazes sempre.
Devemos ser atentos. Em toda hora temos que estar cuidadosos, pois o diabo não cessa de perturbar os retos caminhos do Senhor (Atos 13:10). Ele é como um leão faminto, buscando a quem possa tragar (I Pedro 5:8) destruindo com mentiras e homicidas desde o começo (João 8:44). Quando deixamos de ser prudentes como devemos (Mat. 10:16), ou quando cessamos de olhar e vigiar em oração (Mat. 26:41; Mar 13:33; I Tess 5:8; I Pedro 5:8), deixamos de sair pelo escape que Deus dá justamente para podermos suportar as tentações e ardis de Satanás (I Cor 10:13). O Pedro deixou de ser atento em uma só ocasião e caiu na tentação de confiar na carne (João 13:37; 18:17,25-27). Esta única vez por não vigiar bem trouxe para ele um choro amargo naquela hora (Mat. 26:75) e um testemunho mau que dura até hoje. Por causa da natureza sutil, enganosa e destrutiva do pecado, não temos opção nenhuma para ter a vitória senão de sermos atentos em todo o tempo.
Devemos ser experientes também. Não devemos dar-nos o luxo de pensar que o que aconteceu uma vez não pode acontecer outra vez. Cada um de nós tem "o pecado que tão de perto nos rodeia" (Heb 12:1), ou seja, uma tentação que Satanás usa repetidas vezes em nossa vida para nos fazer presa dele. Talvez, pela graça de Deus, tenhamos a vitória em vários casos de tentação neste pecado, mas, para continuarmos a ter a vitória, devemos lembrar que Satanás não dorme, e somos aconselhados a não dormir também (Luc 21:34-36). O ato de Abraão mentir sobre a mulher várias vezes (Gên. 12:10-20 - 20:1-5,12,13) é prova que devemos ser experientes. Pedro negou não uma vez somente, mas três vezes (João 13:37; 18:17, 25-27). Cabe a nós reconhecer os sintomas e não sermos ingênuos. O que aconteceu a um outro, pode acontecer conosco também. As tentações são humanas (I Cor 10:13). O que aflige nossos irmãos cristãos, pode nos afligir também (I Pedro 5:9). O que aflige os do mundo pode nos afligir também, pois temos corações enganosos e as mesmas paixões (Atos 14:14,15). Cristo instruiu os discípulos a lembrar-se "da mulher de Ló" (Luc 17:28-32) para que eles fossem prudentes. Paulo lembrou Timóteo de Himeneu e Alexandre (I Tim 1:19,20) para que retivesse a fé e a boa consciência, querendo que ele fosse experiente. Nós temos a Bíblia em nossas mãos e ela foi escrita para nosso ensino (Rom. 15:4). Não há razão de sermos inexperientes. Podemos e devemos aprender com os problemas e com as situações anteriores que provocaram o pecado, tanto em nossas vidas quanto na vida dos outros. O escape da última vez pode ser o mesmo que precisamos em contínuo. Resistir devemos, mas não na carne. Temos que resistir firmes na fé, (I Pedro 5:6-9) sujeitando-nos melhor a Deus (Tiago 4:7,8).
Se queremos mesmo ter a vitória sobre o pecado devemos ser santos. Devemos guardar os nossos corações (Próv. 4:23-26) porque dele procedem as fontes da vida. Os que observam a Palavra de Deus para praticá-la em suas vidas diárias são os que podem resistir nas tempestades que certamente virão na vida de cada um de nós (Mat. 7:24-27). Uma vida que tem a armadura de Deus é uma vida pronta para ter a vitória sobre as ciladas do diabo, (Efés. 6:11-18). A armadura de Deus é tida somente se está convertido e é ativada pelo uso (Efés. 6:18, "orando em todo o tempo"). Somente os que manejam bem a Palavra de Deus não precisam de se envergonhar (II Tim 2:15). Apenas os que estão chegados a Deus (Tiago 4:8) vão lembrar de lançar sobre Ele toda a ansiedade na hora de aperto (I Pedro 5:7). Sendo espiritual na hora da tentação podemos desviar-nos do mal, tiramo-nos do meio do mal, sustentar-nos na aflição e moderar as nossas reações para não complicarmos mais a situação.
Há perigo no pecado para qualquer pessoa, mas especialmente para o crente. Para vos afastares do pecado, chegai a Deus. Tendo feito tudo para resistir, sede firmes.
"Alegrai-vos na esperança
Sede pacientes na tribulação
Perseverai na oração"
Romanos 12:12
As Pequenas Raposas - Os Pecados dos Crentes
Os filhos de Deus geralmente não caem nos grandes e bem-conhecidos pecados, mas, segundo a Palavra de Deus, há pecados que elas cometem freqüentemente. Estes pecados, são como pequenas raposas que estragam a uva (nossas vidas), tornando-nos infrutíferos.
Mas quais são estes pecados?
Aqui estão alguns deles.
1.Saber fazer o bem, mas não fazê-lo (Tiago 4:17). Deus nos manda repetidamente, que devemos fazer bem a todos, principalmente aos domésticos da fé (Gálatas 6:9,10; Tito 2:14; Mateus 25:34,35). O Senhor Jesus foi um exemplo para nós, neste aspecto. Nós lemos em Atos 10:38 que "Ele andou fazendo bem." Quão devagar nós estamos no obedecer deste mandamento!
2.Não orar pelos próximos (falta de oração). I Samuel 12:23. Nós freqüentemente oramos por nós mesmos, pelos membros de nossa família, pela nossa igreja, mas nos esquecemos de orar para os servos do Senhor, para os missionários, para as doentes, pelos reis e por todos que estão em autoridade, e também para muitos outros (Efésios 6:17,18; I Timóteo 2: 1,2). Este é uma das "pequenas raposas". Nós devemos orar por todos.
3.O pecado de fazer decisões e seguir o nosso caminho sem fé (Romanos 14:23). Sim, qualquer coisa que não esteja de acordo com a Palavra de Deus, não é de fé (Isaías 8:20). Muitos Cristãos decidem e fazem coisas, sem olhar às Escrituras para conhecer o desejo de Deus. Outros estragam suas vidas, com jugos desiguais ou amizades inconvenientes (II Coríntios 6:14). É uma pena!
4.O pecado de fazer acepção de pessoas, ou o de agradar aos homens mais de Deus (Tiago 2:1-9; Gálatas 1:10). Este pecado é comum em muitas igrejas. Mais cargos ou posições são dadas aos ricos e educados, do que às pessoas espirituais que não são ricas ou educadas. Tenha cuidado de não fazer acepção de pessoas.
5.O pecado de não ser generoso com Deus (Malaquias 3:8,10; Lucas 6:38). Este é um fato em que, o povo de Deus não ofertam o suficiente a Deus. No tempo do Velho Testamento os Israelitas davam dízimos e ofertas a Deus. Agora, nós não damos metade disto. Muitos roubam a Deus dizendo, "Nós não estamos no tempo da Lei." Se no Velho Testamento os santos davam dízimos, poderíamos dar menos? Leia Gênesis 14:20; 28:22; Mateus 23:23. Oremos para que o Senhor livra-nos deste pecado e nos ensine a dar assim como Ele nos mandou a dar (II Coríntios 9:6).
6.Não buscar primeiro o Reino de Deus (Mateus 6:33). Somente temos tempo para as nossas próprias necessidades. Trabalhamos duro para ganharmos mais, algumas vezes deixando de lado as reuniões por isso, mas não temos tempo para o estudo da Palavra de Deus; para orar, para visitar e praticar o evangelho diante os não salvos. Este é um outro pecado que tem arruinado muitas vidas.
7.O pecado de mentir (Colossenses 3:9). Muitas vezes mentimos sem saber o que fizemos. Nós cantamos com vozes altas, "Mais de Cristo" mas não temos a consagração real. Nós cantamos, "Tudo Entregarei" mas a oportunidade vem para ofertar e damos muito pouco. Nós pregamos mas não vivemos a mesma mensagem. Que aprendemos a sermos fazedores da Palavra (Tiago 1:22).
8.O pecado de não amarmos os nossos irmãos como o Senhor nos mandou a amar (João 15:12; Tiago 2:8, I João 3:16,18). O Senhor freqüentemente nos disse, "Que vos ameis uns aos outros; como Eu vos amei a vós." (João 13:34; 15:12). Muitas vezes amamos apenas de boca, mas não pelas ações. Alguns amam apenas aqueles que os amam ou que estão próximos a eles, mas não têm nenhum amor por aqueles que são diferentes a eles. Que aprendemos a amar nossos irmãos como nos amamos a nós mesmos.
pr.iloir@gmail.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário